Summary: | A partir da pergunta feita por Virginia Woolf em seu ensaio Como se deve ler um livro? e de seu vivo interesse pela figura do leitor comum, neste artigo deslocamos a análise do campo literário para o teatral de modo a problematizar a figura do espectador. Com o intuito de investigar as singularidades e potencialidades das quais o olhar do espectador comum (propositalmente enfocado aqui como espectador qualquer) estaria investido, o artigo mobiliza dois personagens: um crítico, descrito por Diderot em seu Discurso sobre a poesia dramática como um espectador ideal, e uma prostituta aficionada por tragédias gregas, interpretada pela atriz Melina Mercouri no filme Nunca aos Domingos, de Jules Dassin. Buscando diferir o olhar do espectador comum daquele que seria o seu extremo oposto, o especialista, especificamos dois procedimentos distintos presentes na relação entre o olhar e a obra: o gesto hermenêutico, articulando o saber a partir de um campo transcendental, e o gesto-qualquer, recusando exterioridades e fundando um espaço de imanência.
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