Fundamentos Metodológicos da Pesquisa Teórica em Psicanálise

Há um extenso debate em torno da pesquisa em psicanálise no âmbito dos programas de graduação e pós-graduação das universidades. Ensejado por essa discussão, esse artigo se propõe a refletir sobre os fundamentos metodológicos da pesquisa teórica, relacionando-a com a premissa básica da psicanálise s...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Valéria Maia Lameira, Márcio Clayton da Silva Costa, Simone de Miranda Rodrigues
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Universidade de Fortaleza 2017-08-01
Series:Revista Subjetividades
Subjects:
Online Access:https://periodicos.unifor.br/rmes/article/view/4861
Description
Summary:Há um extenso debate em torno da pesquisa em psicanálise no âmbito dos programas de graduação e pós-graduação das universidades. Ensejado por essa discussão, esse artigo se propõe a refletir sobre os fundamentos metodológicos da pesquisa teórica, relacionando-a com a premissa básica da psicanálise sobre a indissociabilidade entre pesquisa e prática clínica. Foram trabalhados conceitos fundamentais como inconsciente, repetição e desejo, erguidos por Freud e lidos por Lacan, a fim de sustentar o método psicanalítico na pesquisa. As recomendações técnicas freudianas foram apresentadas como um caminho para a pesquisa teórica em psicanálise. O desejo é um aspecto crucial na constituição da práxis psicanalítica, no entanto, é desconcertante questionar o desejo do pesquisador na escolha de seu objeto de estudo. Para a ciência, ele deveria supostamente ser neutro ao desenrolar dos fatos. No campo da pesquisa psicanalítica, o pesquisador não tem como ser apagado de sua pesquisa, já que ele fala de determinado lugar e aparece implicado indissociavelmente ao material que pretende analisar. É esta interrogação sobre o desejo que faz da psicanálise um campo no qual o sujeito-pesquisador não tem como não ser contado. Se o sujeito é considerado pela ciência como incômodo fator de erro, a psicanálise vem reintroduzir a noção de sujeito em sua dimensão própria. Concluímos que a pesquisa não se encontra restrita à clínica, mas só pode se dar tendo a dimensão clínica em seu horizonte. Mesmo que em uma dada pesquisa não haja a referência explícita ao material clínico, ou ainda que o pesquisador em psicanálise não atue clinicamente, este mesmo pesquisador possui sua própria experiência clínica e é parte de sua pesquisa. Toda pesquisa em psicanálise deve estar apoiada no conceito de inconsciente.
ISSN:2359-0777
2359-0777