As moedas doentes, os números públicos e a antropologia do dinheiro
Situado na fronteira entre a antropologia da ciência (econômica) e a antropologia das culturas monetárias, este artigo propõe uma compreensão dos sentidos sociais e culturais do dinheiro centrada na análise das articulações entre as idéias e as práticas monetárias eruditas e as ordinárias. O texto c...
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Universidade Federal do Rio de Janeiro
2007-04-01
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Situado na fronteira entre a antropologia da ciência (econômica) e a antropologia das culturas monetárias, este artigo propõe uma compreensão dos sentidos sociais e culturais do dinheiro centrada na análise das articulações entre as idéias e as práticas monetárias eruditas e as ordinárias. O texto critica a matriz analítica normativa que predomina em boa parte da literatura sociológica, tributária da própria ciência econômica, e que está preocupada em diagnosticar a "natureza" dos "problemas monetários", distinguindo moedas "normais" de "doentes". Critica também a matriz que predomina em boa parte da literatura antropológica que observa a moeda através da lente da grande divisão entre as moedas "modernas" e as "outras". Ao ter como principal referência empírica as inflações brasileira e argentina da segunda metade do século XX, sugere uma agenda de pesquisas que considera: 1. a presença dos modelos e dos dispositivos monetários criados pelos especialistas nos sentidos e nas práticas ordinárias associadas com o dinheiro; 2. a presença das idéias e das práticas monetárias ordinárias nas formas através das quais os especialistas percebem e agem sobre a moeda; 3. o fato de que os universos de produção de idéias e de dispositivos monetários eruditos, isto é, aqueles que estão referidos às teorias e às políticas monetárias, são suscetíveis de serem analisados com os mesmos instrumentos utilizados para estudar qualquer outro universo nativo; e 4. que esse universo de idéias e de práticas, como não poderia ser de outro modo, está situado no tempo e exige uma análise histórica.<br>Situated on the border between the anthropology of science (economics) and the anthropology of monetary cultures, this article investigates the social and cultural meanings of money through an analysis of the inter-connections between academic and everyday monetary ideas and practices. The text critiques the normative analytic matrix predominant in much of the sociological literature, a product of economic science itself, concerned with diagnosing the ‘nature’ of ‘monetary problems’ and distinguishing ‘normal’ currencies from ‘sick’ ones. it also critiques the matrix predominant in much of the anthropological literature, which observes currencies through the lens of the great divide between ‘modern’ currencies and all the ‘others.’ Focusing primarily on the empirical cases of brazilian and Argentinean inflation in the second half of the 20th century, it suggests a research agenda that takes into consideration: 1. the presence of monetary models and instruments created by specialists in the everyday meanings and practices associated with money; 2. the presence of everyday monetary ideas and practices in the forms through which specialists perceive and intervene in currencies; 3. the fact that the universes in which these academic ideas and monetary instruments are produced - that is, the universes relating to monetary theories and policies - can be analyzed with the same tools used to study any other native universe; and 4. that this universe of ideas and practices is, of course, situated in time and demands an historical analysis. |
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