Summary: | O objetivo do presente trabalho consiste em considerar o riso como uma forma expressiva de transmissão e manutenção do preconceito racial contra o negro no Brasil. O riso é manifesto como reverberação do relato da piada racista em espaços sociais de lazer nos quais os grupos liberam e partilham seu racismo encoberto. Consideramos que se trata de uma prática social, negociada inconscientemente, cuja principal função está em lidar com o dilema de identidade do brasileiro frente à melindrosa questão das relações raciais no país. Utilizaremos como suporte teórico os conceitos de aliança inconsciente e transmissão psíquica e a categoria do intermediário, oriundas da teoria psicanalítica do francês René Kaës que parece penetrar as realidades dos pactos intersubjetivos selados inconscientemente. A leitura proposta atesta a interface entre inconsciente e cultura, apontando um dinâmico e criativo processo de construção e desconstrução de soluções intermediárias de defesa, coletivamente produzidas e articuladas.
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