Summary: | Os planos de desenvolvimento em diferentes níveis – do local ao global – aspiram eliminar a pobreza, a fome, tornar acessível a assistência médica, criar melhores acessos à educação, melhorar o transporte, o emprego e a qualidade de vida, tudo nas próximas décadas. No entanto, esses planos colidem com a realidade da mudança climática, mais precisamente, com o Antropoceno, que já cria conflitos de grandes dimensões. Esses planos de desenvolvimento só irão se intensificar dentro de décadas, porque as mudanças climáticas e outras consequências da devastação global do meio ambiente levam a uma efetiva diminuição dos recursos. Eles permitem não apenas o desenvolvimento, mas também uma reprodução elementar das pré-condições essenciais da vida. O modelo atual de desenvolvimento contribuiu substancialmente para a intensificação da acessibilidade desigual aos recursos e os conflitos já existentes aumentaram e novos surgiram. A água como recurso essencial causará novos conflitos. Assim, a população crescente, a expansão dos desertos e o aumento do nível do mar aumentarão os conflitos pela terra. A frequente ocorrência de ondas de calor fortalecerá os conflitos por uma terra adequada à vida humana, o que significa que as áreas habitáveis aumentarão gradualmente. Portanto, há uma necessidade de reavaliar a qualidade e a hierarquia dos recursos e sua acessibilidade, bem como os conceitos de desenvolvimento. O desenvolvimento da humanidade tem sido feito em detrimento de outros recursos em muitos casos e, principalmente, às custas do meio ambiente. A situação atual levanta uma questão de justiça climática tanto do ponto de vista histórico quanto sistemático. Isso abre a necessidade de reformular o conceito de direitos humanos a partir da perspectiva de suas pré-condições ambientais essenciais e definir a condição dos migrantes ambientais
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