Summary: | As camadas editoriais (couches) dos Ensaios de Montaigne – ainda que, de certo modo, um produto do acaso – podem ser entendidas dentro de uma estratégia autoral muito complexa, frequentemente posta de lado pela crítica especializada. Neste artigo, apresento algumas dificuldades reveladas pela análise de sua estrutura (a descontinuidade autoral, os perigos da associação metonímica entre Montaigne e seu texto, a crítica à noção de subjetividade como critério soberano de organização do livro) e, a partir desses problemas, tento indicar perspectivas hermenêuticas que forneçam uma leitura mais aberta dos Ensaios: valorizando as relações contraditórias que fazem parte da sua sintaxe, mas sem o recurso a estratégias ao mesmo tempo generalizantes e redutoras para dar conta de sua semântica.
|