Summary: | Este artigo defende a hipótese de que a obra K. – relato de uma busca, de Bernardo Kucinski, promove a perda da autoridade do narrador onisciente como recurso formal na representação da violência do regime militar de 1964-1985. Apontamos dois elementos estruturantes na obra: a autoridade do narrador e o teor testemunhal do romance. Por um lado, fizemos o esforço de demonstrar a maneira como a violência atua na obra; por outro, sinalizamos também o forte traço testemunhal do texto. Ancorados em Arendt (2016; 2020) cunhamos o conceito de autoridade para imprimir uma análise da posição do narrador no romance em estudo. Apoiados em Seligmann-Silva (2008; 2010) utilizamos o conceito de teor testemunhal para compreendermos a relação entre testemunho e ficção. Benjamin (2012) possibilitou um olhar crítico sobre os escombros da modernidade e a realização de uma leitura a contrapelo.
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