Narrativas da violência: a dimensão micropolítica das emoções Narratives of violence: the micropolitical dimension of emotions
Este trabalho tem por objetivo examinar as emoções presentes em relatos de experiências de vitimização em segmentos das camadas médias do Rio de Janeiro. A proposta é explorar a fecundidade da vertente "contextualista" (Lutz & Abu Lughod 1990) da antropologia das emoções para a compree...
Main Author: | |
---|---|
Format: | Article |
Language: | English |
Published: |
Universidade Federal do Rio de Janeiro
2010-10-01
|
Series: | Mana |
Subjects: | |
Online Access: | http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93132010000200001 |
Summary: | Este trabalho tem por objetivo examinar as emoções presentes em relatos de experiências de vitimização em segmentos das camadas médias do Rio de Janeiro. A proposta é explorar a fecundidade da vertente "contextualista" (Lutz & Abu Lughod 1990) da antropologia das emoções para a compreensão da violência, com foco na dimensão micropolítica dos discursos sobre as emoções ligadas à vitimização. Os dados analisados são um conjunto de oito entrevistas em profundidade realizadas com casais que passaram, marido e mulher, pela experiência de terem suas residências assaltadas enquanto estavam em casa. A análise está focada na recorrência de duas emoções presentes nas descrições que os entrevistados fazem de seus sentimentos em relação aos assaltantes: compaixão e desprezo. A emergência destas duas emoções, cujas relações com a hierarquia já foram apontadas pelas ciências sociais, é então interpretada como uma tentativa de restabelecer hierarquias que teriam sido ameaçadas pelos assaltos.<br>This paper analyzes the emotions described in narratives of victimization among Rio de Janeiro's middle classes. It explores the so-called 'contextualist' trend (Lutz & Abu-Lughod 1990) in the anthropology of emotions as a means to understanding violence, focusing on the micropolitical dimension of emotion discourses on victimization. The data analyzed is derived from eight in-depth interviews with married couples who have been through the experience of having their residences assaulted while both of them were at home. The analysis focuses on the recurrence of two emotions in the interviewees' depictions of their feelings towards their assailants: sympathy and contempt. The emergence of these two emotions, whose relations to hierarchy have already been well documented by social scientists, is interpreted as an attempt to re-establish the hierarchies perceived to have been overturned by the assaults. |
---|---|
ISSN: | 0104-9313 1678-4944 |