Summary: | O artigo retrata o recorte de um estudo sobre a recuperação escolar fundamentado na abordagem histórico-cultural, cujos objetivos foram: a) estabelecer uma análise crítica, a partir dos conceitos da psicologia escolar sobre programas de recuperação na educação pública paulista; e b) compreender os sentidos pessoais atribuídos à recuperação escolar por educadores, mães e alunos. De cunho qualitativo, essa pesquisa etnográfica utilizou-se dos seguintes procedimentos: observações participantes; entrevistas com gestores, professores, alunos e mães; e desenhos dos alunos. Os resultados revelaram grande distanciamento entre as propostas oficiais e sua concretização no cotidiano escolar. A busca do sentido da recuperação conduziu à conclusão de que essa prática configura-se muito mais como um espaço de impossibilidades do que de potencialidades. As classes de recuperação exercem em alunos e professores o pernicioso efeito de cristalização do "não saber" - professores destituídos de sua função de ensinar e alunos desistentes de suas possibilidades de aprender.
|