Pseudoformação e Violência: Impactos da Socialização Direta na Constituição da Personalidade
Este artigo tem por objetivo refletir a respeito da relação entre pseudoformação e violência, atendo-se, sobretudo, à deterioração das mediações existentes na relação entre indivíduo e sociedade, atualmente caracterizada pela socialização direta. Argumenta-se que a socialização direta cumpre a funçã...
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Universidade de Fortaleza
2014-11-01
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doaj-dc6ae84f3b944702a39f9cb6d380d3ad2020-11-25T02:40:14ZporUniversidade de FortalezaRevista Subjetividades2359-07772359-07772014-11-01141294110.5020/23590777.14.1.29-413105Pseudoformação e Violência: Impactos da Socialização Direta na Constituição da PersonalidadePedro Fernando da Silva0Gil Gonçalves Júnior1Ednilton José Santa-Rosa2Instituto de Psicologia da USP e pesquisador com apoio da FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São PauloFaculdade Paulista de Serviço Social de São Caetano do Sul - FAPSS/SCSUniversidades de Sorocaba – UNISO e Anhembi MorumbiEste artigo tem por objetivo refletir a respeito da relação entre pseudoformação e violência, atendo-se, sobretudo, à deterioração das mediações existentes na relação entre indivíduo e sociedade, atualmente caracterizada pela socialização direta. Argumenta-se que a socialização direta cumpre a função de esteio da pseudoformação, pois favorece a fixação dos modelos de conduta propalados pela indústria cultural e demais agências extrafamiliares e, com isso, potencializa a determinação social, suprimindo as experiências formativas necessárias ao desenvolvimento da autonomia. Busca-se analisar o modo como esse processo psicossocial interfere na formação de pessoas simultaneamente refratárias à autoridade das instituições formativas tradicionais, como a família e a escola, e submissas ao autoritarismo de líderes forjados pela psicodinâmica de grupos e massas nos quais tanto a individualidade do eu quanto a auto-observância moral, frequentemente promovida pela instância superegóica, são encampadas por agências externas. A débil capacidade da família e da escola de exercerem mediação significativa na constituição da personalidade legitima a internalização de modelos de conduta estereotipados: a constituição do eu por meio da internalização de padrões heteronômicos é parte do violento processo da adaptação social que impulsiona para a barbárie. Ajustadas à sociedade administrada, as pessoas privadas de um eu minimamente diferençado se convertem simultaneamente em vítimas da violência social e algozes de seus semelhantes. Por não conseguirem se constituir como indivíduos autodeterminados, sucumbem à reificação e aderem sem resistências a ideologias irracionalistas e aos seus sucedâneos contemporâneos popularizados, percebidos como pontos de contato com suas necessidades psicológicas insatisfeitas. Com isso, a psicologia das massas sobrepõe-se à psicologia individual, de modo que a individualidade deformada se converte em individualismo brutal: incapazes de refletir sobre suas necessidades prementes, os homens tipificados encontram na psicodinâmica das massas as condições ideais para extravasar a destrutividade que desenvolveram como precondição para o ajustamento à barbárie socialmente disseminada. Palavras-chave: Violência, Pseudoformação, Indivíduo, Personalidade, Teoria crítica.https://periodicos.unifor.br/rmes/article/view/3272violência, pseudoformação, indivíduo, personalidade, teoria crítica. |
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Este artigo tem por objetivo refletir a respeito da relação entre pseudoformação e violência, atendo-se, sobretudo, à deterioração das mediações existentes na relação entre indivíduo e sociedade, atualmente caracterizada pela socialização direta. Argumenta-se que a socialização direta cumpre a função de esteio da pseudoformação, pois favorece a fixação dos modelos de conduta propalados pela indústria cultural e demais agências extrafamiliares e, com isso, potencializa a determinação social, suprimindo as experiências formativas necessárias ao desenvolvimento da autonomia. Busca-se analisar o modo como esse processo psicossocial interfere na formação de pessoas simultaneamente refratárias à autoridade das instituições formativas tradicionais, como a família e a escola, e submissas ao autoritarismo de líderes forjados pela psicodinâmica de grupos e massas nos quais tanto a individualidade do eu quanto a auto-observância moral, frequentemente promovida pela instância superegóica, são encampadas por agências externas. A débil capacidade da família e da escola de exercerem mediação significativa na constituição da personalidade legitima a internalização de modelos de conduta estereotipados: a constituição do eu por meio da internalização de padrões heteronômicos é parte do violento processo da adaptação social que impulsiona para a barbárie. Ajustadas à sociedade administrada, as pessoas privadas de um eu minimamente diferençado se convertem simultaneamente em vítimas da violência social e algozes de seus semelhantes. Por não conseguirem se constituir como indivíduos autodeterminados, sucumbem à reificação e aderem sem resistências a ideologias irracionalistas e aos seus sucedâneos contemporâneos popularizados, percebidos como pontos de contato com suas necessidades psicológicas insatisfeitas. Com isso, a psicologia das massas sobrepõe-se à psicologia individual, de modo que a individualidade deformada se converte em individualismo brutal: incapazes de refletir sobre suas necessidades prementes, os homens tipificados encontram na psicodinâmica das massas as condições ideais para extravasar a destrutividade que desenvolveram como precondição para o ajustamento à barbárie socialmente disseminada. Palavras-chave: Violência, Pseudoformação, Indivíduo, Personalidade, Teoria crítica. |
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