Memória e tensividade: as Jornadas de Junho de 2013 na charge e no editorial
As ruas eram tomadas por multidões que gritavam, esbravejavam e queriam grandes reformas econômicas, políticas e sociais em junho de 2013, depois do aumento das tarifas de transporte público nas cidades de São Paulo-SP e Rio de Janeiro-RJ. Esse acontecimento foi nomeado de Jornadas de Junho. Neste...
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Universidade de São Paulo, Letras e Ciências Humanas
2016-09-01
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doaj-dc4d602bd2474c0990eb038fc79c2d5e2020-11-25T03:25:10ZengUniversidade de São Paulo, Letras e Ciências HumanasEstudos Semióticos1980-40162016-09-0112110.11606/issn.1980-4016.esse.2016.120536Memória e tensividade: as Jornadas de Junho de 2013 na charge e no editorialMarcos Rogério Martins Costa0Universidade de São Paulo As ruas eram tomadas por multidões que gritavam, esbravejavam e queriam grandes reformas econômicas, políticas e sociais em junho de 2013, depois do aumento das tarifas de transporte público nas cidades de São Paulo-SP e Rio de Janeiro-RJ. Esse acontecimento foi nomeado de Jornadas de Junho. Neste artigo, o objetivo é investigar, a partir da construção do corpo do ator manifestante das Jornadas de Junho de 2013, a presença sensível da memória no gênero charge e no gênero editorial. Para tanto, selecionamos como corpus dois textos, um de cada gênero, publicados no mesmo dia, na mesma página e no mesmo veículo midiático, a saber: a charge do cartunista Benett Alberto de Macedo (Macedo, 2013) e o editorial “Retomar a Paulista” (olha de São Paulo, 2013), ambos publicados na página A2 da Folha de São Paulo do dia 13 de junho de 2013. Nosso arcabouço teórico parte da concepção semiótica de corpo que entende a enunciação como instância pressuposta ao enunciado (Discini, 2015; Greimas; Courtés, 2008). Desse modo, exclui-se do âmbito de pertinência da semiótica a pessoa de carne e osso, sto é, o referente é interno, imanente à linguagem. A memória que perscrutamos neste estudo é a de caráter discursivo. A partir do esquema tensivo de Zilberberg (2001) e da proposta de Pessoa de Barros (2011) para o estudo do discurso da memória, os resultados de análise do corpus apontam que a charge, ao privilegiar a concessão, é mais tônica, mais rápida, mais concentrada e mais breve, portanto instaura a memóriaacontecimento; enquanto que o editorial, ao instaurar mais sintagmas implicativos, é mais átono, mais lento, mais difuso, mais alongado, logo, tende a preferir a memória do acontecido.1 http://www.revistas.usp.br/esse/article/view/120536corpomanifestantememóriasemiótica |
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As ruas eram tomadas por multidões que gritavam, esbravejavam e queriam grandes reformas econômicas, políticas e sociais em junho de 2013, depois do aumento das tarifas de transporte público nas cidades de São Paulo-SP e Rio de Janeiro-RJ. Esse acontecimento foi nomeado de Jornadas de Junho. Neste artigo, o objetivo é investigar, a partir da construção do corpo do ator manifestante das Jornadas de Junho de 2013, a presença sensível da memória no gênero charge e no gênero editorial. Para tanto, selecionamos como corpus dois textos, um de cada gênero, publicados no mesmo dia, na mesma página e no mesmo veículo midiático, a saber: a charge do cartunista Benett Alberto de Macedo (Macedo, 2013) e o editorial “Retomar a Paulista” (olha de São Paulo, 2013), ambos publicados na página A2 da Folha de São Paulo do dia 13 de junho de 2013. Nosso arcabouço teórico parte da concepção semiótica de corpo que entende a enunciação como instância pressuposta ao enunciado (Discini, 2015; Greimas; Courtés, 2008). Desse modo, exclui-se do âmbito de pertinência da semiótica a pessoa de carne e osso, sto é, o referente é interno, imanente à linguagem. A memória que perscrutamos neste estudo é a de caráter discursivo. A partir do esquema tensivo de Zilberberg (2001) e da proposta de Pessoa de Barros (2011) para o estudo do discurso da memória, os resultados de análise do corpus apontam que a charge, ao privilegiar a concessão, é mais tônica, mais rápida, mais concentrada e mais breve, portanto instaura a memóriaacontecimento; enquanto que o editorial, ao instaurar mais sintagmas implicativos, é mais átono, mais lento, mais difuso, mais alongado, logo, tende a preferir a memória do acontecido.1
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