Summary: | Apresenta-se neste dossier a publicação integral dos documentos pertencentes ao arquivo clínico e criminal de Ângelo de Lima na posse na Administração do Hospital Júlio de Matos, em Lisboa. São materiais que expõem parte da história biográfica, clínica e criminal do poeta e dialogam, anos depois, com a possibilidade de se repensar a sua avaliação clínica como reflexo de um método amplamente instalado para juizos morais, no contexto de uma sociedade profilática que ombreava competências judiciais e medicinais. As razões para o internamento de Ângelo de Lima em Rilhafoles surgem, agora, como uma consequência hereditária familiar reversiva de um enclausuramento de origem criminal, caso algum crime tivesse sido perpretado. Pretendemos com este dossier lançar alguma luz sobre a necessidade de se inverter o processo de progressiva osmose crítica entre a história pessoal e poética de Ângelo de Lima sem que a segunda seja explicada por influência da primeira, deslegitimando a sua autonomia.
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