A modernização ecológica conquistando hegemonia nos discursos ambientais: o caso da Zona Franca de Manaus

A Zona Franca de Manaus (ZFM) foi criada em 1967 pelo governo da ditadura militar brasileira, de acordo com um discurso nacionalista que apresentava a região amazônica como um território estratégico que era preciso ocupar e desenvolver. Apesar de a visão do grande vazio não ter sido apagada do imagi...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Thaís Brianezi, Marcos Sorrentino
Format: Article
Language:English
Published: Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ambiente e Sociedade (ANPPAS) 2012-08-01
Series:Ambiente & Sociedade
Subjects:
Online Access:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-753X2012000200004
Description
Summary:A Zona Franca de Manaus (ZFM) foi criada em 1967 pelo governo da ditadura militar brasileira, de acordo com um discurso nacionalista que apresentava a região amazônica como um território estratégico que era preciso ocupar e desenvolver. Apesar de a visão do grande vazio não ter sido apagada do imaginário popular, desde os anos de 1970 tem ganhado força a percepção da floresta como herança cultural e biológica a ser preservada. Estas mudanças nos discursos mais gerais sobre a Amazônia foram acompanhadas por um deslocamento do discurso de legitimação dos incentivos fiscais gozados pelas indústrias de Manaus, em um movimento relacionado ao processo de construção de hegemonia no campo ambiental, marcado pela emergência da chamada modernização ecológica. Utilizando a análise crítica do discurso, este artigo mostra como se constituiu o argumento de que as empresas em Manaus protegem a floresta, assentado em um roteiro de dupla ameaça: de desemprego e de desmatamento. As informações e dados foram levantados por meio de pesquisa bibliográfica, entrevistas semiestruturadas e observações diretas em reuniões e eventos corporativos. Fizeram parte do corpus, ainda, as transcrições oficiais de 64 pronunciamentos em plenário dos três senadores e oito deputados federais do Amazonas em 2007; 125 matérias publicadas no caderno de Economia do jornal A Crítica entre 1º de janeiro e 30 de junho, e quatro edições da revista institucional Suframa Hoje, no mesmo ano.<br>La Zona Franca de Manaus (ZFM) fue creada en 1967 por el gobierno de la dictadura militar brasileña, a partir de un discurso nacionalista que presentaba la región amazónica como un territorio estratégico que tenia que ser ocupado y desarrollado. A pesar de la imagen de un gran vacío no desaparecer del imaginario popular; desde los finales de los años 70 ha ganado fuerza la percepción de la floresta como herencia cultural e biológica que debe ser preservada. Estos cambios en los discursos más generales sobre la Amazonia fueron acompañados por un desplazamiento del discurso de legitimación sobre de los incentivos fiscales que disfrutan la industrias de Manaus, un movimiento relacionado con la emergencia de lo que se denomina de "modernización ecológica". Al utilizar el análisis crítico del discurso, este articulo muestra como se constituye el argumento de que las empresas en Manaus protegen la floresta, con base en un guion de doble amenaza: el desempleo y el desmate. Las informaciones y datos fueron levantados a través de investigación bibliográfica, entrevistas semi-estructuradas y observaciones directas en reuniones y eventos corporativos. Hacen parte del texto también las transcripciones de 64 discursos en plenario de tres senadores y ocho diputados federales del estado de Amazonas en 2007; 125 materias publicadas en el periódico A Crítica entre enero y junio de ese año, y cuatro ediciones de la revista institucional Suframa Hoje del mismo año.<br>The Manaus Free Trade Zone (ZFM) was established in 1967 by the Brazilian military dictatorship, within a nationalist discourse that presented the Amazon region as a strategic territory that was necessary to occupy and develop. The vision of the great empty area was not erased from the popular imagination. Since the 1970s, however, the perception of the forest as a biological and cultural heritage that must be preserved has gained strength. These changes in the broader discourse about the Amazon were accompanied by a shift of the discourse of legitimacy of the tax incentives enjoyed by the industries of Manaus, in a movement related to the construction of hegemony in the environmental field, marked by the emergence of the so-called ecological modernization. Using critical discourse analysis, this article shows how the argument that firms in Manaus protect the forest has emerged based on a story line of double threat: unemployment and deforestation. Data were collected through literature review, semi-structured interviews and direct observation at meetings and corporate events. There were also in the corpus of analysis: official transcripts of 64 plenary speeches of the three senators and eight deputies of Amazonas State in 2007, 125 articles published in the local newspaper A Crítica between January 1st and June 30th and four editions of the institutional magazine Suframa Hoje in the same year.
ISSN:1414-753X