Uma criança brasileira nasce: introdução ao dossiê temático sobre a Arqueologia da Infância
As arqueólogas e arqueólogos tradicionalmente assumiam que crianças eram agentes invisíveis em suas pesquisas, muitas vezes considerando-as como não importantes e não agentivas, ou como sendo impossíveis de ser endereçadas nos estudos arqueológicos. No entanto, a invisibilidade das crianças na inter...
Main Author: | |
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Format: | Article |
Language: | Portuguese |
Published: |
Sociedade de Arqueologia Brasileira
2018-12-01
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Series: | Revista de Arqueologia |
Subjects: | |
Online Access: | https://revista.sabnet.org/index.php/SAB/article/view/619 |
Summary: | As arqueólogas e arqueólogos tradicionalmente assumiam que crianças eram agentes invisíveis em suas pesquisas, muitas vezes considerando-as como não importantes e não agentivas, ou como sendo impossíveis de ser endereçadas nos estudos arqueológicos. No entanto, a invisibilidade das crianças na interpretação arqueológica tem sido questionada há décadas pela crítica feminista. Grete Lillehammer (1989) publicou o primeiro artigo pedindo o estudo arqueológico de crianças quase 30 anos atrás, intitulado A child is born. The child's world in an archaeological perspective (Uma criança nasce. O mundo da criança em uma perspectiva arqueológica, tradução minha). Dada a importância deste artigo seminal para a disciplina de arqueologia, eu o traduzi para o português para esta edição temática, a fim de torná-lo mais acessível às arqueólogas, arqueólogos e estudantes brasileiras. A permissão para publicar esta tradução foi concedida por Grete Lillehammer e por Francis & Taylor, os editores do artigo original.
Desde a publicação do artigo de Lillehammer em 1989, muitas pesquisadoras e pesquisadores responderam ao incorporar estudos da infância em suas interpretações e questões de pesquisa, enfatizando a importância de compreender as crianças como atores sociais e agentes capazes de ações significativas (e.g., BAXTER, 2005, 2008; BERÓN et al., 2012; DE LUCIA, 2010; POLITIS, 1998). Desde então, quatro vias complementares surgiram na literatura: 1) identificar as crianças no registro arqueológico; 2) compreendê-las através de seus relacionamentos; 3) reconhecê-las como atores sociais e 4) abordar a infância como uma construção cultural (ARDREN, 2011a: 133; BAXTER, 2005: 15). |
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ISSN: | 0102-0420 1982-1999 |