Summary: | CONTEXTO: Vivências psicóticas e dissociativas não patológicas são comuns na população geral, especialmente em grupos religiosos. Há poucos estudos sobre o perfil da população não clínica com essas vivências, bem como há dúvidas sobre critérios para o diagnóstico diferencial dessas experiências. OBJETIVOS: Identificar o perfil sociodemográfico e de experiências anômalas (EA) entre pessoas que buscaram ajuda em centros espíritas. MÉTODOS: Foram entrevistadas 115 pessoas que procuraram auxílio em seis centros espíritas de Juiz de Fora/MG por causa de vivências psicóticas e/ou dissociativas. Entrevista semiestruturada investigou dados sociodemográficos, experiências anômalas apresentadas e a presença de critérios propostos para identificar experiências espirituais não patológicas. RESULTADOS: Predomínio de mulheres (70%), de meia-idade, com alta escolaridade, ativas ocupacionalmente e cujas EA começaram na infância (65%) ou adolescência (23%). As EA mais frequentes foram alucinações visuais (63%), auditivas (54%), "percepção espiritual" (53%), "sonhos paranormais" (38%) e experiências fora do corpo (31%). Para a maioria da amostra, essas EA não traziam prejuízos sócio-ocupacionais, eram curtas, episódicas e benéficas; entretanto referiram sofrimento emocional e falta de controle sobre elas. CONCLUSÃO: A alta frequência e diversidade de EA encontradas, bem como suas implicações teóricas, clínicas e de saúde pública, indicam a urgência de maior atenção a esse tópico.
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