Gênero, sexo e raça e a formação de subjetividades femininas em Cuba, século XIX

Os estudos de gênero sobre o século XIX cubano têm privilegiado as mulheres escritoras. Para a aproximação a esses discursos, existem várias teorias nos campos literários e feministas. Porém, a incidência da classe, da raça, do sexo nas relações de gênero1 e na formação das subjetividades2 femininas...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Olga Cabrera
Format: Article
Language:Spanish
Published: Universidade Federal de Santa Catarina 2017-02-01
Series:Revista Estudos Feministas
Subjects:
Online Access:https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/33317
Description
Summary:Os estudos de gênero sobre o século XIX cubano têm privilegiado as mulheres escritoras. Para a aproximação a esses discursos, existem várias teorias nos campos literários e feministas. Porém, a incidência da classe, da raça, do sexo nas relações de gênero1 e na formação das subjetividades2 femininas entre setores populares é um tema menos estudado e, sobretudo, a permanência das matrizes africanas na nova situação. Neste trabalho, busco relacionar esses conceitos com o foco nas negras e nas pardas escravas, sem abandonar a interpretação social mais abrangente. As fontes escritas sobre o assunto são fragmentadas, além das distorções sofridas pela interpretação de um terceiro: procurador de justiça, síndico de escravos, escrevente e até historiadores e editores que participaram na organização das mesmas. O estudo aborda os processos de transformação das relações de gênero e das subjetividades femininas, criando formas diferentes dentro do gênero, pela autonomia de negras e mulatas em relação às normativas masculinas brancas dominantes. Tenta-se dar uma orientação mais fluida aos conceitos com o intuito de aprofundar as transformações operadas, tanto na relação entre os sexos como entre os gêneros, assim como nos paradoxos que derivaram das mudanças sociais no século XIX cubano. Interessa conhecer o processo pelo qual as mulheres negras e pardas, ainda na marginalidade social à qual foram lançadas, já livres ou na escravidão, foram capazes de reconstruir relações sociais com um grande peso do acervo cultural africano, embora este fosse rejeitado pelas instituições dominantes: a Igreja, a família branca e o Estado.
ISSN:0104-026X
1806-9584