Diante do sofrimento do outro – narrativas de profissionais de saúde em reuniões de trabalho

<p>Neste trabalho, analiso a construção do sofrimento de profissionais de saúde, tomando por base as narrativas produzidas em reuniões de trabalho de um grupo interdisciplinar cujo objetivo é oferecer apoio a profissionais que lidam com crianças e adolescentes vítimas de violência. A distinção...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Liliana Cabral Bastos
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) 2010-05-01
Series:Calidoscópio
Online Access:http://revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/article/view/5249
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spelling doaj-d53476e4e010447cb9f8a8f4475185dd2020-11-25T02:48:56ZporUniversidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)Calidoscópio 2177-62022010-05-0162768510.4013/52492186Diante do sofrimento do outro – narrativas de profissionais de saúde em reuniões de trabalhoLiliana Cabral Bastos<p>Neste trabalho, analiso a construção do sofrimento de profissionais de saúde, tomando por base as narrativas produzidas em reuniões de trabalho de um grupo interdisciplinar cujo objetivo é oferecer apoio a profissionais que lidam com crianças e adolescentes vítimas de violência. A distinção entre narrativas breves e longas, que aqui denomino episódios e trajetórias de sofrimento, se mostrou bastante significativa para se compreender a natureza das diferentes ações desenvolvidas nas reuniões. Os episódios remetem, ritualmente, ao sofrimento gerado pelo trabalho, ou evidenciam teses e opiniões defendidas nas reuniões. As trajetórias têm suas etapas co-construídas em reuniões de apresentação de caso, nas quais se avalia o ocorrido e se oferecem orientações para futuros procedimentos. As narrativas atuam na manutenção e na coesão do grupo, sendo as reuniões, sobretudo, um espaço ideal para contar/ouvir histórias. Nesse espaço se instala um movimento identitário clássico, aqui caracterizado pela distinção entre um nós – os membros do grupo, que são sensibilizados para e informados sobre a questão da violência contra crianças e adolescentes – e um eles – os não membros, profissionais de saúde que ainda precisam se aproximar e conhecer a questão. Vê-se também como, em um grupo interdisciplinar, os diferentes profissionais coconstroem suas narrativas de sofrimento, inclusive os médicos, que tradicionalmente detêm o poder nas equipes de saúde. Tal fato parece estar associado a uma transformação na identidade tradicional do médico na organização hospitalar contemporânea.</p> Palavras-chave: narrativa, identidade, interação, contexto da saúde, profissionais de saúde.http://revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/article/view/5249
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description <p>Neste trabalho, analiso a construção do sofrimento de profissionais de saúde, tomando por base as narrativas produzidas em reuniões de trabalho de um grupo interdisciplinar cujo objetivo é oferecer apoio a profissionais que lidam com crianças e adolescentes vítimas de violência. A distinção entre narrativas breves e longas, que aqui denomino episódios e trajetórias de sofrimento, se mostrou bastante significativa para se compreender a natureza das diferentes ações desenvolvidas nas reuniões. Os episódios remetem, ritualmente, ao sofrimento gerado pelo trabalho, ou evidenciam teses e opiniões defendidas nas reuniões. As trajetórias têm suas etapas co-construídas em reuniões de apresentação de caso, nas quais se avalia o ocorrido e se oferecem orientações para futuros procedimentos. As narrativas atuam na manutenção e na coesão do grupo, sendo as reuniões, sobretudo, um espaço ideal para contar/ouvir histórias. Nesse espaço se instala um movimento identitário clássico, aqui caracterizado pela distinção entre um nós – os membros do grupo, que são sensibilizados para e informados sobre a questão da violência contra crianças e adolescentes – e um eles – os não membros, profissionais de saúde que ainda precisam se aproximar e conhecer a questão. Vê-se também como, em um grupo interdisciplinar, os diferentes profissionais coconstroem suas narrativas de sofrimento, inclusive os médicos, que tradicionalmente detêm o poder nas equipes de saúde. Tal fato parece estar associado a uma transformação na identidade tradicional do médico na organização hospitalar contemporânea.</p> Palavras-chave: narrativa, identidade, interação, contexto da saúde, profissionais de saúde.
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