A “inconfidência” da arte (Do sublime crítico: por uma melancolia afirmativa da arte)

Quando se trata da arte, não são talvez as questões de essência, de origem ou de conteúdo que convêm. Se a arte tem alguma relação com a vida, apreendê-la “sobre o vivo” é tornar-se sensível a seu “andar”, sua “forma”, seu movimento. Isto induz a ver a obra de arte como um começo e não um fi m, uma...

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Bibliographic Details
Main Author: Jean Maurel
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Federal de Ouro Preto 2017-04-01
Series:Artefilosofia
Subjects:
Online Access:https://www.periodicos.ufop.br/raf/article/view/732
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spelling doaj-d4cb84e3a58b4660be5147dd438ad8102021-06-22T13:26:15ZengUniversidade Federal de Ouro Preto Artefilosofia1809-82742526-78922017-04-0134A “inconfidência” da arte (Do sublime crítico: por uma melancolia afirmativa da arte)Jean MaurelQuando se trata da arte, não são talvez as questões de essência, de origem ou de conteúdo que convêm. Se a arte tem alguma relação com a vida, apreendê-la “sobre o vivo” é tornar-se sensível a seu “andar”, sua “forma”, seu movimento. Isto induz a ver a obra de arte como um começo e não um fi m, uma abertura retomada sem cessar e não uma totalidade fechada ou um acabamento. A multiplicidade irradiada das obras de arte, sua diversidade divergente no tempo e no espaço, recusa todo modelo transcendente de Belo e afi rma a exemplaridade ao mesmo tempo precária e resistente, mortal e sobrevivente, da arte. Do símbolo à alegoria, é este passo desviante, este intervalo decisivo, que uma re- fl exão sobre a arte deve marcar e retomar, encontrando em W. Benjamin o élan de uma história intempestiva, o desafi o de uma fé artista que faria sair das metafísicas reinantes do Belo, de Platão a Hegel, e reencontrar a energia de uma vitalidade transbordante na qual a arte em obras nos transporta. Não é nada menos que a estranha fi gura velada de Ísis, seu passo duplo, mortal e vivente, que nos guia, de Apuleio a Kant e Baudelaire, no caminho de um sublime crítico mas vital, livre da fascinação patética pela nostalgia do Para além. Como este sublime revolucionário e transgressivo não arrastaria com ele a negrura e a petrifi cação melancólica, para reinventar o arco-íris mágico da vida viva? Reanimar a exemplar gravura de Dürer é talvez desentocar o segredo da renascença eternamente desviante, fugidia mas afi rmativa, da arte: Hugo, como Sartre, entre outros, não deixa de entrevê-lo. Retomar o élan deste desafi o que abre o mundo moderno seria a ocasião para uma discreta homenagem à coragem sublime dos poetas da “inconfidência”.https://www.periodicos.ufop.br/raf/article/view/732AnjoArteAlegoriaDesafioDürerHugo
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