Patrimonialização do caos: as ruínas da bahia de todos os santos
Iniciadas na Europa oitocentista, práticas de tombamento de monumentos, edificações, conjuntos arquitetônicos e centros urbanos têm sido realidade de muitas das grandes cidades ocidentais, em processos contemporâneos comumente associados à espetacularização urbana e à gentrificação. Esses processos,...
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Format: | Article |
Language: | Portuguese |
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Universidade Estadual de Campinas
2017-07-01
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Series: | PROA: Revista de Antropologia e Arte |
Online Access: | https://www.ifch.unicamp.br/ojs/index.php/proa/article/view/2873 |
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doaj-d4789edf539c4b8289ff38964512cc272020-11-25T00:29:56ZporUniversidade Estadual de CampinasPROA: Revista de Antropologia e Arte2175-60152017-07-01172192Patrimonialização do caos: as ruínas da bahia de todos os santosOsnildo Adão Wan-Dall Júnior0Universidade Federal da BahiaIniciadas na Europa oitocentista, práticas de tombamento de monumentos, edificações, conjuntos arquitetônicos e centros urbanos têm sido realidade de muitas das grandes cidades ocidentais, em processos contemporâneos comumente associados à espetacularização urbana e à gentrificação. Esses processos, que agenciam a construção e a veiculação de imagens urbanas como mercadoria na lucrativa indústria do turismo global, causam impacto não apenas na paisagem, mas também no cotidiano e na economia de uma dada cidade, região ou nação, atingindo, de modo violento, grande parte da população, sua cultura e seus modos de vida. Em três partes, este texto pretende questionar a inexorabilidade da patrimonialização urbana, detendo-se no caso da então provinciana cidade da Bahia, mas também da moderna e, agora, contemporânea Salvador. Na primeira parte, sugere-se a patrimonialização como dispositivo de controle urbano e, portanto, como prática de poder social. Na segunda, aponta-se os principais momentos e circunstâncias da patrimonialização dessa Bahia de Todos os Santos e as forças que aí atuam enquanto política pública. Por último, situa-se insurgências e biopotências que escapam aos processos patrimoniais, encontrando, na experiência urbana contemporânea, outras possibilidades narrativas de uma alteridade em ruínas, cuja história é, apesar de tudo, sempre sobrevivente e, justamente por isso, habitante do caos como lugar de liberdade e emancipação criativa. Deixando suspensas questões de conservação e restauro, paralelas ao debate aqui proposto, aponta-se a importância de questionar a supervalorização do patrimônio, situando alteridades e modos de vida que escapam aos discursos e práticas preservacionistas mais tradicionais. Faz-se, assim, uma verdadeira apologia da preservação das cidades através das próprias ruínas que advêm da patrimonialização, no intuito de realizar o paradoxal sentido biopolítico inerente às visibilidades e invisibilidades que aí se encontram. Palavras-chave> Patrimonialização. Bahia. Ruínas. Dispositivo. Biopotência.https://www.ifch.unicamp.br/ojs/index.php/proa/article/view/2873 |
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Iniciadas na Europa oitocentista, práticas de tombamento de monumentos, edificações, conjuntos arquitetônicos e centros urbanos têm sido realidade de muitas das grandes cidades ocidentais, em processos contemporâneos comumente associados à espetacularização urbana e à gentrificação.
Esses processos, que agenciam a construção e a veiculação de imagens urbanas como mercadoria na lucrativa indústria do turismo global, causam impacto não apenas na paisagem, mas também no cotidiano e na economia de uma dada cidade, região ou nação, atingindo, de modo violento, grande parte da população, sua cultura e seus modos de vida. Em três partes, este texto pretende questionar a inexorabilidade da patrimonialização urbana, detendo-se no caso da então provinciana cidade da Bahia, mas também da moderna e, agora, contemporânea Salvador. Na primeira parte, sugere-se a patrimonialização como dispositivo de controle urbano e, portanto, como prática de poder social. Na segunda,
aponta-se os principais momentos e circunstâncias da patrimonialização dessa Bahia de Todos os Santos e as forças que aí atuam enquanto política pública. Por último, situa-se insurgências e biopotências que escapam aos processos patrimoniais, encontrando, na experiência
urbana contemporânea, outras possibilidades narrativas de uma alteridade em ruínas, cuja história é, apesar de tudo, sempre sobrevivente e, justamente por isso, habitante do caos como lugar de liberdade e emancipação criativa.
Deixando suspensas questões de conservação e restauro, paralelas ao debate aqui proposto, aponta-se a importância de questionar a supervalorização do patrimônio, situando alteridades e modos de vida que escapam aos discursos e práticas preservacionistas mais tradicionais.
Faz-se, assim, uma verdadeira apologia da preservação das cidades através das próprias ruínas que advêm da patrimonialização, no intuito de realizar o paradoxal sentido biopolítico inerente às visibilidades e invisibilidades que aí se encontram.
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