Depressão, Apatia e Alexitimia Secundários ao Acidente Vascular Cerebral
Introdução: São diversas as alterações comportamentais decorrentes do acidente vascular cerebral (AVC). Vários estudos avaliaram a frequência e gravidade de depressão, apatia e alexitimia consequente ao AVC, sendo os resultados publicados contraditórios. Objectivo: Este artigo pretende realizar um...
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Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca
2015-06-01
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doaj-d3a8cd03a1ca4d3cb455a1b1858bccca2021-06-17T14:16:20ZengHospital Prof. Doutor Fernando FonsecaPsiLogos1646-091X2182-31462015-06-011225047Depressão, Apatia e Alexitimia Secundários ao Acidente Vascular CerebralOriana Horta Rendeiro Correia Pinto0Lúcia Ribeiro1Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia (CHVNG/E)Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho Introdução: São diversas as alterações comportamentais decorrentes do acidente vascular cerebral (AVC). Vários estudos avaliaram a frequência e gravidade de depressão, apatia e alexitimia consequente ao AVC, sendo os resultados publicados contraditórios. Objectivo: Este artigo pretende realizar uma revisão da literatura sobre os conceitos de depressão, apatia e alexitimia e sobre os correlatos neuroanatómicos, conhecidos até à data, que suportam estes achados psicopatológicos no pós-AVC. Métodos: Revisão não sistemática da literatura através da pesquisa em referências bibliográficas consideradas relevantes pelos autores suplementada por artigos obtidos através de pesquisa na base de dados Medline/Pubmed utilizando combinações das seguintes palavras-chave: “stroke”, “apathy”, “alexithymia”, “depression”, publicados entre 1973 e 2013. Foram ainda consultadas referências bibliográficas dos artigos obtidos e livros. Resultados e Conclusões: Após o AVC, muitos doentes sofrem de défices sequelares, resultando num processo de luto, sendo que esta resposta emocional considerada consequência normativa a problemas pós-AVC. Percebeu-se que a dimensão depressiva está associada com o funcionamento do lobo frontal esquerdo (a chamada “teoria do lobo frontal esquerdo”),contudo, a dimensão apática está associada com os gânglios da base. A taxa de apatia é mais baixa em pacientes sem doença cerebrovascular prévia, sendo que a apatia ‘pura’ (sem depressão concomitante) é duas vezes mais frequente que a taxa de depressão ‘pura’ (sem apatia concomitante). Doentes apáticos têm maior frequência de quadros depressivos graves e défice cognitivo quando comparados com os pacientes não-apáticos. Os mecanismos da consciência emocional reduzida e do embotamento expressivo após o AVC da artéria cerebral média são mal compreendidos. Enquanto que a apatia e a adinamia podem ser explicadas pela lesão tecidular na ínsula ou nos gânglios da base, a consciência emocional reduzida pode ter origem da alteração de actividade em regiões cerebrais distantes. As alterações funcionais e estruturais no córtex cingulado anterior já foram implicadas nos mecanismos da alexitimia. Comparado com o hemisfério esquerdo, o direito parece ser superior no processamento e organização da experiência emocional. A forma adquirida de alexitimia pode suceder secundariamente às lesões que ocorrem no território da artéria cerebral média direita (ACMD) e isto torna-se significativo porque pode alterar a apresentação tradicional de um quadro depressivo. Estudos no futuro deverão examinar se estas diferenças na localização da lesão e a sua influência na recuperação funcional poderão também fazer-se reflectir nos diferentes padrões de resposta ao tratamento, separadamente ou em conjunto. https://revistas.rcaap.pt/psilogos/article/view/4463acidente vascular cerebralapatiaalexitimiadepressão |
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Introdução: São diversas as alterações comportamentais decorrentes do acidente vascular cerebral (AVC). Vários estudos avaliaram a frequência e gravidade de depressão, apatia e alexitimia consequente ao AVC, sendo os resultados publicados contraditórios.
Objectivo: Este artigo pretende realizar uma revisão da literatura sobre os conceitos de depressão, apatia e alexitimia e sobre os correlatos neuroanatómicos, conhecidos até à data, que suportam estes achados psicopatológicos no pós-AVC.
Métodos: Revisão não sistemática da literatura através da pesquisa em referências bibliográficas consideradas relevantes pelos autores suplementada por artigos obtidos através de pesquisa na base de dados Medline/Pubmed utilizando combinações das seguintes palavras-chave: “stroke”, “apathy”, “alexithymia”, “depression”, publicados entre 1973 e 2013. Foram ainda consultadas referências bibliográficas dos artigos obtidos e livros.
Resultados e Conclusões: Após o AVC, muitos doentes sofrem de défices sequelares, resultando num processo de luto, sendo que esta resposta emocional considerada consequência normativa a problemas pós-AVC. Percebeu-se que a dimensão depressiva está associada com o funcionamento do lobo frontal esquerdo (a chamada “teoria do lobo frontal esquerdo”),contudo, a dimensão apática está associada com os gânglios da base. A taxa de apatia é mais baixa em pacientes sem doença cerebrovascular prévia, sendo que a apatia ‘pura’ (sem depressão concomitante) é duas vezes mais frequente que a taxa de depressão ‘pura’ (sem apatia concomitante). Doentes apáticos têm maior frequência de quadros depressivos graves e défice cognitivo quando comparados com os pacientes não-apáticos. Os mecanismos da consciência emocional reduzida e do embotamento expressivo após o AVC da artéria cerebral média são mal compreendidos. Enquanto que a apatia e a adinamia podem ser explicadas pela lesão tecidular na ínsula ou nos gânglios da base, a consciência emocional reduzida pode ter origem da alteração de actividade em regiões cerebrais distantes. As alterações funcionais e estruturais no córtex cingulado anterior já foram implicadas nos mecanismos da alexitimia. Comparado com o hemisfério esquerdo, o direito parece ser superior no processamento e organização da experiência emocional. A forma adquirida de alexitimia pode suceder secundariamente às lesões que ocorrem no território da artéria cerebral média direita (ACMD) e isto torna-se significativo porque pode alterar a apresentação tradicional de um quadro depressivo. Estudos no futuro deverão examinar se estas diferenças na localização da lesão e a sua influência na recuperação funcional poderão também fazer-se reflectir nos diferentes padrões de resposta ao tratamento, separadamente ou em conjunto.
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