Summary: | O ensino de ciências com enfoque CTS deve contribuir para preparar todos os alunos para, perante os desafios e necessidades contemporâneos, participarem fundamentadamente em processos de tomada de decisões tecnocientíficas de interesse social. Esta perspetiva implica a necessidade de os professores de ciências terem formação adequada na área específica do curso, em natureza das ciências e das tecnologias e sobre problemas sociais associados a desigualdades com que convivem e afetam os seus alunos. No Brasil, a maior parte da população pobre e com baixa escolaridade é afrodescendente e constatam-se preconceitos raciais em vários contextos, inclusive educativos. Os preconceitos afastam os jovens das escolas impedindo-os de aceder a conhecimentos científicos que os capacitem para participarem em decisões sobre questões CTS. Neste artigo abordam-se alguns problemas que configuram a presente situação de emergência planetária, discutem-se dificuldades de formação de professores, relaciona-se racismo com outras desigualdades e exclusão escolar e apresenta-se um estudo de caso integrado em formação inicial de professores de ciências, que contemplou questões étnico-raciais, num Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas a Distância, de uma Universidade brasileira, em que participaram 54 estudantes. A reflexão de futuros professores de ciências sobre um problema social muito comum em escolas brasileiras pode contribuir para a tomada de consciência da necessidade de se superar atitudes e comportamentos racistas e de se utilizar abordagens de ensino de ciências que visem estimular todos os alunos a aprender e, assim, reduzir a evasão escolar e melhorar a alfabetização científica da população.
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