Resenha: löwy, michael. Ecologia e Socialismo. São paulo: Cortez, 2005. 94p.
Hoje o mundo vive uma crise ambiental. Ela suscita buscas a fim de se encontrar respostas que tragam horizontes para se pensar o mundo. Nessa busca é que se situa a análise de Michael Löwy sobre o pensamento ecológico no marxismo. Verifica-se, no primeiro capítulo – Progresso destrutivo: Marx, Engel...
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Maria Lúcia Ribeiro,
2013-12-01
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Series: | Revista Brasileira Multidisciplinar - ReBraM /Brazilian Multidisciplinay Journal |
Online Access: | http://www.revistarebram.com/index.php/revistauniara/article/view/67 |
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doaj-ce60c59c6203413d99e1b0cabbc410352020-11-24T22:58:09ZporMaria Lúcia Ribeiro,Revista Brasileira Multidisciplinar - ReBraM /Brazilian Multidisciplinay Journal 1415-35802527-26752013-12-0116210710910.25061/2527-2675/ReBraM/2013.v16i2.6747Resenha: löwy, michael. Ecologia e Socialismo. São paulo: Cortez, 2005. 94p.Flávio Roberto Chaddad0UNESP - Araraquara (SP).Hoje o mundo vive uma crise ambiental. Ela suscita buscas a fim de se encontrar respostas que tragam horizontes para se pensar o mundo. Nessa busca é que se situa a análise de Michael Löwy sobre o pensamento ecológico no marxismo. Verifica-se, no primeiro capítulo – Progresso destrutivo: Marx, Engels e a Ecologia –, que a ecologia não é tema central nessas obras. Podemos inferir que este fato é decorrente da própria época em que viviam os autores, quando a natureza era vista como um bem ilimitado. Porém, algumas passagens referentes à natureza e de como ela deva ser conduzida pelo ser humano podem ser notadas. Assim, nos manuscritos escritos em 1844, Marx faz referência a natureza como se fosse o corpo orgânico do homem; em um outro texto, sobre o papel do trabalho na transformação do macaco em homem, de 1876, há uma crítica pela forma predatória que o homem utiliza a natureza, considerando que as ações que praticamos contra a natureza se voltam contra nós; no livro III do O Capital, vemos esboçar uma verdadeira problemática ecológica. O que se encontra nesse texto é um tipo de teoria da ruptura do metabolismo entre as sociedades humanas e a natureza, como resultado do produtivismo capitalista; no livro I de O Capital há uma crítica à destruição das florestas e à perda da capacidade produtiva dos solos; na obra de Engels, A Dialética da Natureza, ele cita a desertificação em solo cubano provocado pelos grandes produtores de café; o problema da poluição do meio ambiente não está ausente, mas é abordado sob o ângulo da insalubridade dos bairros operários nas grandes cidades inglesas, nas páginas da A condição da classe operária inglesa de 1844. A partir dessas passagens, como podemos analisar a ecologia na obra de Marx? Podemos dizer que elas parecem considerar que a conservação da natureza está ligada à superação do produtivismo capitalista, como uma tarefa fundamental do socialismo, e isto se comprova no volume III, de O Capital, em que Marx parece aceitar o princípio da responsabilidade, a obrigação de cada geração de respeitar o meio ambiente – a condição de existência das próximas gerações. No segundo capítulo do livro – O que é ecossocialismo –, Löwy aponta o cenário atual que envolve a problemática ambiental, bem como deve ser a reação a este cenário por parte do socialismo. Ele afirma que devemos trocar os valores quantitativos pelos valores qualitativos, dar maior ênfase ao valor de uso - as nossas necessidades, o que não está ocorrendo no mundo de hoje e que contribui decisivamente para a crise ambiental. Nessa perspectiva, a inserção do discurso ecológico no marxismo é o grande desafio, o que irá exigir dos marxistas uma crítica profunda da sua concepção tradicional de forças produtivas e o rompimento com a ideologia do progresso linear que não deve encontrar respaldo no marxismo.-------http://www.revistarebram.com/index.php/revistauniara/article/view/67 |
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Hoje o mundo vive uma crise ambiental. Ela suscita buscas a fim de se encontrar respostas que tragam horizontes para se pensar o mundo. Nessa busca é que se situa a análise de Michael Löwy sobre o pensamento ecológico no marxismo. Verifica-se, no primeiro capítulo – Progresso destrutivo: Marx, Engels e a Ecologia –, que a ecologia não é tema central nessas obras. Podemos inferir que este fato é decorrente da própria época em que viviam os autores, quando a natureza era vista como um bem ilimitado. Porém, algumas passagens referentes à natureza e de como ela deva ser conduzida pelo ser humano podem ser notadas. Assim, nos manuscritos escritos em 1844, Marx faz referência a natureza como se fosse o corpo orgânico do homem; em um outro texto, sobre o papel do trabalho na transformação do macaco em homem, de 1876, há uma crítica pela forma predatória que o homem utiliza a natureza, considerando que as ações que praticamos contra a natureza se voltam contra nós; no livro III do O Capital, vemos esboçar uma verdadeira problemática ecológica. O que se encontra nesse texto é um tipo de teoria da ruptura do metabolismo entre as sociedades humanas e a natureza, como resultado do produtivismo capitalista; no livro I de O Capital há uma crítica à destruição das florestas e à perda da capacidade produtiva dos solos; na obra de Engels, A Dialética da Natureza, ele cita a desertificação em solo cubano provocado pelos grandes produtores de café; o problema da poluição do meio ambiente não está ausente, mas é abordado sob o ângulo da insalubridade dos bairros operários nas grandes cidades inglesas, nas páginas da A condição da classe operária inglesa de 1844. A partir dessas passagens, como podemos analisar a ecologia na obra de Marx? Podemos dizer que elas parecem considerar que a conservação da natureza está ligada à superação do produtivismo capitalista, como uma tarefa fundamental do socialismo, e isto se comprova no volume III, de O Capital, em que Marx parece aceitar o princípio da responsabilidade, a obrigação de cada geração de respeitar o meio ambiente – a condição de existência das próximas gerações. No segundo capítulo do livro – O que é ecossocialismo –, Löwy aponta o cenário atual que envolve a problemática ambiental, bem como deve ser a reação a este cenário por parte do socialismo. Ele afirma que devemos trocar os valores quantitativos pelos valores qualitativos, dar maior ênfase ao valor de uso - as nossas necessidades, o que não está ocorrendo no mundo de hoje e que contribui decisivamente para a crise ambiental. Nessa perspectiva, a inserção do discurso ecológico no marxismo é o grande desafio, o que irá exigir dos marxistas uma crítica profunda da sua concepção tradicional de forças produtivas e o rompimento com a ideologia do progresso linear que não deve encontrar respaldo no marxismo.------- |
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