Summary: | Este estudo visa a investigar a produção vocálica de hispano-falantes (variedade Rioplatense) em português (L2), bem como verificar alterações no espaço vocálico materno destes falantes em termos de influências exercidas pela segunda língua (L2). Os dados foram coletados de 10 participantes argentinos - 5 monolíngues e 5 bilíngues. Verificaram-se os valores de F1, F2 e de duração, em espanhol (L1) e em português (L2), de falantes bilíngues. Verificou-se, também, a produção em espanhol por parte do grupo de monolíngues, residentes na Argentina, tomados como controle. Os resultados mostraram, em termos de altura e anterioridade/posterioridade, que os participantes não realizam as distinções entre as vogais médias-baixas e médias-altas na L2. Entretanto, verificou-se que suas vogais médias-altas ocupam um espaço mais alto no espaço acústico, como se o sistema estivesse se adaptando para a formação das médias-baixas. Tal tendência foi verificada tanto nas produções da L2 como na L1, mas não nas produções dos monolíngues argentinos. Quanto à duração, os bilíngues apresentaram vogais mais longas na L2 e produziram, na L1, vogais mais longas do que aquelas dos monolíngues. Tais evidências, analisadas sob uma concepção de língua enquanto Sistema Adaptativo Complexo (DE BOT et al., 2013), indicam uma multidirecionalidade na transferência linguística.
|