Cartas, indagações e estudos sobre a África centro-ocidental e os Ijebus: a importância dos informantes africanos na produção “científica” francesa na primeira metade do século XIX.
Um estadista brasileiro que, no inicio do século XIX, deduz o curso do rio Níger a partir do interrogatório que realizou com alguns escravos africanos no Brasil; um naturalista que, seguindo o mesmo método, pretendeu fazer uma síntese de tudo o que se conhecia sobre a África centro-ocidental, utiliz...
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Universidade Federal de Santa Catarina
2018-10-01
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doaj-c9b83f64a0e44ce7bdeefa79c98e777a2020-11-24T22:29:46ZengUniversidade Federal de Santa CatarinaEsboços1414-722X2175-79762018-10-012539254810.5007/2175-7976.2018v25n39p2529226Cartas, indagações e estudos sobre a África centro-ocidental e os Ijebus: a importância dos informantes africanos na produção “científica” francesa na primeira metade do século XIX.Aderivaldo Ramos de Santana0Université de la SorbonneUm estadista brasileiro que, no inicio do século XIX, deduz o curso do rio Níger a partir do interrogatório que realizou com alguns escravos africanos no Brasil; um naturalista que, seguindo o mesmo método, pretendeu fazer uma síntese de tudo o que se conhecia sobre a África centro-ocidental, utilizando como seus informantes, africanos haussas escravizados em Salvador da Bahia; um homem de “ciência” que, durante a Corte de Louis-Philippe, realizou um estudo sobre o reino Iorubá, recorrendo as informações de um africano ijebu, que havia sido escravo no Brasil e residia em Paris na condição de homem livre. Esses são alguns exemplos de uma história da África elaborada a partir de relato de africanos escravizados. O presente artigo pretende demonstrar de que maneira, durante a primeira metade do século XIX, a utilização de informantes africanos como fontes orais, por parte das sociedades científicas, tiveram um papel de extrema importância na produção de conhecimento sobre o interior do continente africano, sobretudo numa fase preparatória à colonização europeia.https://periodicos.ufsc.br/index.php/esbocos/article/view/57693História da ÁfricaTráfico transatlântico de escravosBiografia de escravosSociedade de Geografia de Paris |
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Aderivaldo Ramos de Santana |
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Um estadista brasileiro que, no inicio do século XIX, deduz o curso do rio Níger a partir do interrogatório que realizou com alguns escravos africanos no Brasil; um naturalista que, seguindo o mesmo método, pretendeu fazer uma síntese de tudo o que se conhecia sobre a África centro-ocidental, utilizando como seus informantes, africanos haussas escravizados em Salvador da Bahia; um homem de “ciência” que, durante a Corte de Louis-Philippe, realizou um estudo sobre o reino Iorubá, recorrendo as informações de um africano ijebu, que havia sido escravo no Brasil e residia em Paris na condição de homem livre. Esses são alguns exemplos de uma história da África elaborada a partir de relato de africanos escravizados. O presente artigo pretende demonstrar de que maneira, durante a primeira metade do século XIX, a utilização de informantes africanos como fontes orais, por parte das sociedades científicas, tiveram um papel de extrema importância na produção de conhecimento sobre o interior do continente africano, sobretudo numa fase preparatória à colonização europeia. |
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