Summary: | Nas Meditações metafísicas, o erro é tematizado à medida que a existência
de Deus é demonstrada, tendo a Quarta Meditação como locus privilegiado de seu
debate. Trata-se, pois, da questão de como conciliar substância infinita em sua
perfectude e substância criada passível de falha um problema metafísico, desdobrado
em reflexão epistêmica e moral, dado como ameaça imediata ao fundamento ontológico
de res cogitans e res extensa, e, portanto, à pretensão sistemática de Descartes. O
presente texto tem por finalidade o trato deste problema na obra supracitada, expondo a
relação entre as faculdades da vontade e do entendimento como alternativa cartesiana à
explicitação do mecanismo originário do erro, de modo a isentar a substância Divina de
qualquer responsabilidade sobre o que há de falso em nossos juízos. Neste percurso,
evidencia-se a atuação da vontade na constituição da ciência e a capacidade de julgar, a
saber, a própria liberdade, como condição sine qua non da produção do conhecimento.
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