Dor facial atípica: caracterização de uma amostra

As características funcionais e morfológicas da face, aliadas à complexidade do fenômeno doloroso, tornam a face favorável à existência de inúmeras fontes de dor como procuram demonstrar as várias classificações existentes a respeito. No período de janeiro de 1986 a março de 1993, 57 doentes com dor...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Manoel Jacobsen Teixeira, Edson Bor Seng Shu, José Cláudio Marinho da Nóbrega, Cláudio Fernandes Corrêa
Format: Article
Language:English
Published: Thieme Revinter Publicações Ltda. 2000-06-01
Series:Brazilian Neurosurgery
Subjects:
Online Access:http://www.thieme-connect.de/DOI/DOI?10.1055/s-0038-1623287
Description
Summary:As características funcionais e morfológicas da face, aliadas à complexidade do fenômeno doloroso, tornam a face favorável à existência de inúmeras fontes de dor como procuram demonstrar as várias classificações existentes a respeito. No período de janeiro de 1986 a março de 1993, 57 doentes com dor facial de etiologia incerta foram submetidos a avaliações neurológica, bucomaxilofacial, psiquiátrica, psicológica e de medicina física. Foram também investigados, por procedimentos de imagem do crânio, coluna cervical e exames de laboratório, incluindo o do líquido cefalorraquidiano. A idade média dos doentes foi 51 anos. Trinta e nove doentes (68%) eram do sexo feminino. O tempo de história da dor variou de 1 mês a 23 anos, com média de 61,8 meses. A dor em queimação foi a mais freqüente (43%) seguida de latejante (33%). A hemiface direita foi acometida em 27 doentes (47,3%) e 8 doentes (14,2%) tiveram comprometimento bilateral. Quanto à distribuição topográfica de acometimento houve predomínio em V2, com 17 doentes (29,8%); a hemiface inteira foi comprometida em 10 doentes (17,5%). Irradiação para locais não correspondentes ao território de inervação do nervo trigêmeo observou-se em 15 doentes (26,3%), sendo em 5 (33,3%) para a região cervical, em 5 (33%) para o ouvido, em 2 (13,3%) irradiou para a região occipital e em outros 2 para a nuca. A dor teve freqüência diária em 43 doentes (75,4%). A duração da dor tomava a maior parte do dia em todos os doentes. Fatores moduladores de melhora ou piora da dor facial atípica foram encontrados em 27 doentes (47,3%); desses, 4 (14,8%) referiram melhora da dor com pressão ou calor local e 23 (85%) referiram fatores de piora da dor, sendo o nervosismo e o frio os principais fatores relatados, respectivamente, por 10 (17,6%) e 8 (14%) dos doentes. Dois (3,5%) pacientes pioraram com o calor. Fenômenos neurovegetativos não foram raros, acometendo 20 doentes (35%). Sintomas neuropsíquicos, depressão e/ou ansiedade foram encontrados em 28 (49,1%) doentes. A síndrome dolorosa miofascial esteve associada em 18 (31,5%) doentes. Vinte e um doentes (36,8%) tiveram antecedentes de trauma ou cirurgia da face. Alterações no exame físico foram observadas em 13 (22,8%) doentes, sendo 11 (19,3%) doentes com hipoestesia facial. A investigação diagnóstica dos 57 pacientes com padrão de dor facial atípica confirmou 45 casos de dor facial atípica. Em 12, outros diagnósticos foram encontrados. O diagnóstico de dor facial atípica é de exclusão e a avaliação multiprofissional é essencial.
ISSN:0103-5355
2359-5922