É possível falar de uma estética platônica?

Considerando o termo ‘estética’ no sentido moderno de estudo filosófico do belo e da criação artística, pretendemos investigar em que medida é possível dar uma resposta positiva e em que medida é possível dar uma resposta negativa à questão acima. Ainda que a estética tenha nascido apenas no século...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Luisa Buarque
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Universidade Federal Fluminense 2007-04-01
Series:Viso
Subjects:
Online Access:http://revistaviso.com.br/ojs/index.php/viso/article/view/27
Description
Summary:Considerando o termo ‘estética’ no sentido moderno de estudo filosófico do belo e da criação artística, pretendemos investigar em que medida é possível dar uma resposta positiva e em que medida é possível dar uma resposta negativa à questão acima. Ainda que a estética tenha nascido apenas no século XVIII, muitos enxergam em Platão – sobretudo nas discussões travadas na República acerca da pintura, da poesia e da mímesis em geral, assim como do seu papel na cidade ideal – um possível germe do que mais tarde viria a se tornar “estética”. Gostaríamos aqui de mostrar que, nas colocações sobre a mímesis encontradas na República, se há alguma estética, ela está muito mais a serviço das intenções pedagógicas do diálogo como um todo; submete-se, portanto, ao objetivo educativo de formação moral dos jovens. Há, entretanto, a nosso ver, no esquema genealógico do Timeu e na noção platônica do demiurgo, fortes traços de uma estética muito peculiar, que coloca a criação artística como modelo e fundamento da geração do cosmos, de modo que, ainda que não analise explicitamente a produção artística, ela revela muito de sua essência e é capaz de fundamentar boa parte do que se viria a desenvolver posteriormente sob o título de “estética”.
ISSN:1981-4062