Summary: | Após quase duas décadas de estudos sobre a interação oral e escrita, pesquisadores voltam-se, na década de 90, para uma nova área de estudos linguísticos, a Análise Crítica do Discurso (Critical Discourse Analysis) ou a análise discursiva como prática social. Esta área tem como finalidade primordial desvendar, através da análise linguística estruturas sociais de poder, promovendo, possivelmente, uma melhor consciência social e política.
O presente trabalho traça o desenvolvimento teórico desta nova área, desde os primeiros postulados sobre linguagem e sociedade até a recente proposição teórica de Fairclough, que vê toda a prática discursiva sob um ponto de vista tri-dimensional. Para o autor, o texto (a atualização de vários discursos em linguagem), a interação entre pessoas e a ação social são instâncias discursivas inseparáveis. A maneira que textos são produzidos e interpretados depende da prática social e não pode ser analisada isoladamente. Os estudos discursivos da década de 70, no entanto, principalmente os de origem anglo-saxã, apesar de terem passado do código linguístico à interação, concentravam-se na mera descrição de formas interativas. Textos eram vistos como produtos, dissociados de um contexto social.
A análise crítica do discurso vê a linguística como o principal meio pelo qual os processos sociais operam e não como um conjunto isolado de significados ou formas textuais. O enfoque crítico tenta não simplesmente descrever, mas também interpretar e explicar diferentes formas de comunicação em seus contextos sociais. A própria análise já é considerada interpretação, pois o/a analista faz parte do processo interacional.
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