Notícias impressas e manuscritas em Portugal no século XVIII: horizontes de leitura da Gazeta de Lisboa

Propõe-se neste artigo uma breve reflexão metodológica por uma leitura o menos anacrónica possível das notícias dos periódicos de Antigo Regime. Isso é feito através de uma reconstituição do "horizonte de expectativa" (Hans-Robert Jauss) de um conjunto específico de leitores da Gazeta de L...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: André Belo
Format: Article
Language:English
Published: Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2004-12-01
Series:Horizontes Antropológicos
Subjects:
Online Access:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-71832004000200002
Description
Summary:Propõe-se neste artigo uma breve reflexão metodológica por uma leitura o menos anacrónica possível das notícias dos periódicos de Antigo Regime. Isso é feito através de uma reconstituição do "horizonte de expectativa" (Hans-Robert Jauss) de um conjunto específico de leitores da Gazeta de Lisboa (1715-1760). Trata-se do círculo de letrados que é possível traçar a partir do redactor da Gazeta e das suas relações de correspondência. A partir de um estudo de caso - notícias sobre incidentes diplomáticos envolvendo a corte do rei D. João V -, procura-se demonstrar a coexistência de patamares distintos de leitura das notícias, consoante os diferentes meios de comunicação. Num segundo momento, procura-se uma generalização explicativa desse sistema de troca de informação, assente nas diferenças - políticas, sociais, técnicas - que na época existiam entre o suporte impresso e o manuscrito.<br>Against a common anachronistic bias in historical readings of XVIIIth news and periodicals, this article tries to build an "horizon of expectation" (Hans-Robert Jauss) of well-informed readers of the Lisbon gazette (Gazeta de Lisboa, published between 1715 and 1760). As a case study, I analyse the way the gazette refrained from speaking of the diplomatic conflicts in which Portugal was then involved. Under a surface of apparent silence, though, manuscript journals and periodicals show us to which extent reading of the printed newspaper is more complex than we may expect. In the second part of the article, I try to describe the relationship between printed and handwritten news as a coherent system of communication, based on political, social and technical differences. I argue that, more than of opposition, we should speak of complementary roles of these two media.
ISSN:0104-7183
1806-9983