«Homem»: um caso de desgramaticalização?

<p><strong>Resumo</strong>: A língua portuguesa conheceu um recurso de indeterminação do sujeito correlato ao francês <em>on</em>, e proveniente da mesma fonte, o latim <em>homine</em>(<em>m</em>). Embora muito frequente em textos arcaicos, a for...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Odete Pereira da Silva Menon
Format: Article
Language:Catalan
Published: Universidade Federal de Minas Gerais 2012-04-01
Series:Caligrama: Revista de Estudos Românicos
Online Access:http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/caligrama/article/view/1617
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spelling doaj-b866080a64c04faf9f97bbc7cbae37462020-11-24T21:01:27ZcatUniversidade Federal de Minas GeraisCaligrama: Revista de Estudos Românicos0103-21782238-38242012-04-0116273210.17851/2238-3824.16.2.7-321467«Homem»: um caso de desgramaticalização?Odete Pereira da Silva Menon0Universidade Federal do Paraná<p><strong>Resumo</strong>: A língua portuguesa conheceu um recurso de indeterminação do sujeito correlato ao francês <em>on</em>, e proveniente da mesma fonte, o latim <em>homine</em>(<em>m</em>). Embora muito frequente em textos arcaicos, a forma <em>homem </em>desapareceu da língua portuguesa. Graças a uma edição crítica da obra <em>Castelo perigoso, </em>podemos talvez deslindar, em parte, as razões e a época do desaparecimento do pronome indefinido <em>homem</em>, resultado da gramaticalização do substantivo <em>homem</em>. Elisa Branco da Silva utilizou dois manuscritos da versão portuguesa (mss. Alc. 199 e 214, Biblioteca Nacional de Lisboa), situando temporalmente o Alc. 199 na primeira metade do séc. XV, e o Alc. 214 como cópia tardia do primeiro, feita em finais dos anos quatrocentos ou início dos quinhentos. Tomando como base da edição o Alc. 199, ela põe em aparato crítico as diferenças encontradas o Alc. 214. Aí vamos encontrar uma diferença fundamental no tratamento dado às ocorrências de <em>homem</em>: o copista, muitas vezes, registra esse pronome antecedido do artigo definido. Esse fato pode nos balizar a época em que o caráter genérico desse recurso de indeterminação se tornou opaco: o copista teria interpretado a ocorrência como sendo (<em>i</em>) o substantivo <em>homem</em>, que precisa ser especificado com o artigo definido; (<em>ii</em>) como <em>o homem</em>, referência, por metonímia, à humanidade; ou, ainda, teria sofrido a concorrência da construção com o pronome <em>se</em>. Será demonstrado também que há diferenças entre o manuscrito e a versão impressa em outra obra (<em>O cathecismo pequeno</em>), conforme sua edição crítica.<br /><strong>Palavras-chave</strong>: Pronome <em>homem</em>; indeterminação do sujeito; desgramaticalização; pronome <em>se</em>; transmissão de textos.</p><p><strong>Abstract</strong>: Portuguese knew a resource of subject indeterminacy related to French <em>on</em>, and from the same source, Latin <em>homine</em>(<em>m</em>). Although very common in old texts, the form <em>homem </em>disappeared of Portuguese. Thanks to a critical edition of the work <em>Castelo perigoso</em>, perhaps we can unravel, in part, the reasons and the time of the disappearance of the indefinite pronoun <em>homem</em>, a result of the grammaticalization of the noun <em>homem</em>. Elisa Branco da Silva used the Portuguese version of the two manuscripts (mss. Alc. 199 and 214, Biblioteca Nacional de Lisboa), temporarily placing Alc. 199 in the first half of the 15th century, and Alc. 214 as a late copy of the first one, made in the end of the 15th century or in the beginning of the 16th century. Considering Alc. 199 as the basis for the edition, she puts in the critical apparatus the differences found in the copy. There we find a fundamental difference in treatment given to occurrences of <em>homem</em>: the copyist often registers this pronoun preceded by the definite article. With this fact we can delimit the time that the generic feature of the resource of indeterminacy became opaque: the copyist would have interpreted the occurrence as being (i) the noun <em>homem</em>, that must be specified with the definite article; (ii) as <em>homem, </em>reference, by metonymy, to humanity; or it even would have suffered the competition of construction with the pronoun <em>se</em>. It will be also shown that there are differences between the manuscript and the printed version in another work (<em>O cathecismo pequeno</em>), as we can see in its critical edition.<br /><strong>Keywords</strong>: Pronoun <em>homem</em>; subject indeterminacy; desgrammaticalization; pronoun <em>se</em>; transmission of text.</p>http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/caligrama/article/view/1617
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