Summary: | A palavra antipapa integra o vocabulário básico de todo estudioso da Idade Média. Antigo e familiar, este termo, todavia, esconde uma atitude intelectual repleta de implicações para o conhecimento do passado: ele nos induz a qualificar e avaliar, de maneira imediata e frequentemente isenta de espírito crítico, o significado histórico assumido por conflitos políticos e relações sociais decisivos para a constituição da Igreja romana e da Cristandade. Este artigo tem um duplo propósito: debater a pertinência analítica deste conceito elementar e, sobretudo, examinar uma importante razão para sua irrestrita perpetuação historiográfica. Para isso, propomos um texto que aborde não só a difícil relação do vocábulo antipapa com a complexidade da realidade medieval, mas que explore os laços existentes entre sua utilização e as expectativas e projeções sociais dos próprios historiadores.
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