O papel que aprisiona

Este trabalho busca refletir acerca dos significados presentes no conto “O papel de parede amarelo”, de Charlotte Perkins Gilman (2017), publicado em 1892. Intenta-se, também, entender como são discutidos, no texto, os aprisionamentos das mulheres a papéis sociais. Por meio de uma narrativa em prime...

Full description

Bibliographic Details
Main Authors: Juliana Prestes de Oliveira, Nícollas Cayann Teixeira Dutra, Amanda Laís Jacobsen de Oliveira, Anselmo Peres Alós
Format: Article
Language:Portuguese
Published: Universidade de Santa Cruz do Sul 2020-09-01
Series:Signo
Subjects:
Online Access:https://online.unisc.br/seer/index.php/signo/article/view/15540
Description
Summary:Este trabalho busca refletir acerca dos significados presentes no conto “O papel de parede amarelo”, de Charlotte Perkins Gilman (2017), publicado em 1892. Intenta-se, também, entender como são discutidos, no texto, os aprisionamentos das mulheres a papéis sociais. Por meio de uma narrativa em primeira pessoa, no conto é possível conhecer a história de uma personagem mulher que foi forçada ao confinamento por seu marido e médico, John. A escolha do marido em fazer isso se dá com a intenção de curá-la de uma depressão nervosa e, assim, a proíbe de fazer qualquer esforço físico ou mental. Por meio da teoria de Laqueur (2001) sobre a invenção do sexo, compreende-se que o discurso científico é apresentado no texto como uma ferramenta de poder, pelo qual mulheres eram mantidas presas aos papéis sociais de esposa e mãe. A teoria de Luce Irigaray (1992) auxilia no entendimento sobre a linguagem como meio de manutenção do patriarcado, por isso a dificuldade da protagonista em libertar-se com auxílio da escrita sobre si. Ao ficar aprisionada em um quarto decorado com um horroroso papel de parede amarelo, a protagonista fica obcecada pela estampa do mesmo, discorrendo sobre ele e seus padrões. Tal narrativa permite traçar paralelos com as situações vivenciadas por ela, enquanto mulher e esposa, e por várias mulheres, em nossa sociedade. Além disso, nela é possível perceber a imposição de papéis sociais como uma das práticas usadas pelo patriarcalismo para subjugar e determinar o comportamento feminino.
ISSN:0101-1812
1982-2014