Summary: | Os romances do catalão Enrique Vila-Matas, assim como de outros escritores contemporâneos, dialogam crítica e criativamente com a atual febre de narrativas vivenciais, colocando em questão os mecanismos de constituição da primeira pessoa. Um desses romances, O mal de Montano (2005), incorpora a forma do diário, através de um narrador autodiegético que renova as possibilidades desse gênero, sempre testando a capacidade de (des)crença do leitor. Este romance será analisado levando em conta os deslocamentos de seu narrador-protagonista, que tem uma ligação obsessivamente literária com o espaço. Esta obsessão pela literatura está em constante correlação com as reflexões de Roland Barthes e Maurice Blanchot acerca de temas como autoria, escritura, espaço e morte. Desta forma, a leitura que aqui se propõe considerará os mecanismos intertextuais e metaficcionais realizados para discutir a construção fictícia do diário, que em diversos momentos é colocada em jogo por meio de procedimentos autorreferenciais performatizados.
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