Summary: | <p>A tradição oral tem uma longa história de investigação, tanto em linguística quanto em antropologia, sendo o vasto corpus da narrativa étnica uma de suas principais realizações. Esta documentação notável de todo um mundo de criações culturais verbais, até um certo ponto, já foi publicada, outros materiais permanecem em arquivos ou como parte de textos inéditos, enquanto muito mais está sendo reunido na pesquisa contemporânea. No entanto, uma crítica a este enorme esforço acadêmico pode ser que a análise e interpretação dos dados foram deixadas para trás, para favorecer a documentação etnográfica e linguística e resgate do patrimônio oral evanescente de culturas nativas ameaçadas de extinção. Este artigo discute a deficiência analítica de tais avanços e uma perspectiva dialógica com base no quadro teórico de Bakhtin, com particular interesse em conceitos derivados da teoria musical, tais como voz, entonação e polifonia. Na verdade, apesar de que os interesses de Bakhtin foram centrados na literatura canônica escrita, e não sobre o folclore e as criações estéticas verbais de culturas não-ocidentais, a sua estrutura conceitual é baseada em fenômenos orais em geral, como seu conceito de voz mostra claramente. Discurso oral e linguagem cotidiana são colocados como a base e fonte primária da literatura escrita. Portanto, os conceitos bakhtinianos têm um potencial extraordinário para o estudo do discurso oral, em particular dos contos, lendas, mitos, e outros gêneros pertencentes à narrativa tradicional. Neste artigo argumenta-se que a pesquisa antropológica linguística na tradição oral pode se beneficiar muito de uma perspectiva bakhtiniana, que oferece novas ferramentas conceituais para a compreensão da narrativa étnica, e também pode permitir uma revisão crítica das teorias e estudos prévios sobre o assunto.</p><p><strong>PALAVRAS-CHAVE:</strong> dialogismo, etnolingüística, tradição oral</p><p> </p><p>Abstract</p><p> </p><p>Oral tradition has a long history of research both in linguistics and anthropology, being the vast corpus of ethnic narrative one of its main achievements. This outstanding documentation of worldwide cultural verbal creations has to a certain degree already been published, other materials remain in archives or as part of unpublished texts, while much more is being gathered in contemporary research. Yet, a critique to this enormous academic effort may be that analysis and interpretation of data has been left behind, to favor the ethnographic and linguistic documentation and rescue of the vanishing oral heritage of endangered native cultures. This paper discusses such analytical shortcoming and advances a dialogic perspective based on Bakhtin’s theoretical framework, with particular interest in concepts derived from musical theory, such as voice, intonation, and polyphony. In fact, even though Bakhtin’s interests were centered on rather canonical written literature, and not on folklore and the aesthetic verbal creations of non Western cultures, his conceptual framework is based on oral phenomena in general, as his concept of voice clearly shows. Oral discourse and everyday language are placed as the foundation and primary source of written literature. Therefore, Bakhtinian concepts have an extraordinary potential for the study of oral discourse, in particular of tales, legends, myths, and other genres belonging to traditional narrative. In this paper I argue that linguistic anthropological research on oral tradition may greatly benefit from a Bakhtinian perspective, which offers novel conceptual tools for the understanding of ethnic narrative, and may also allow a critical review of previous theories and studies on the subject.</p> <p><strong>KEYWORDS: </strong>dialogism, ethnolinguistics, folklore, oral tradition</p><p> </p><p><strong>DOI:</strong> <a href="https://doi.org/10.47295/mren.v1i2.338">https://doi.org/10.47295/mren.v1i2.338</a></p><p> </p>
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