Sobre Beethoven, O Silêncio de Hegel
É amplamente reconhecida a magnitude que ganhou a música como objeto do pensamento filosófico no século XIX. Mesmo compositores, antes considerados na condição de artesãos, tornaram-se pensadores influentes, na esteira da importância da música no pensamento de grandes filósofos. Ludwig van Beethoven...
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Universidade de São Paulo
2019-12-01
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doaj-b21b0653f5cd4d0285f7fcd17d9a22f72020-12-05T17:51:31ZengUniversidade de São PauloRevista da Tulha2447-71172019-12-015210.11606/issn.2447-7117.rt.2019.164253123873Sobre Beethoven, O Silêncio de HegelLucas Eduardo da Silva Galon0Universidade de São PauloÉ amplamente reconhecida a magnitude que ganhou a música como objeto do pensamento filosófico no século XIX. Mesmo compositores, antes considerados na condição de artesãos, tornaram-se pensadores influentes, na esteira da importância da música no pensamento de grandes filósofos. Ludwig van Beethoven (1770-1827) se destaca como pioneiro de uma tendência que culminará na relevância adquirida por Richard Wagner para a história da filosofia: no século XIX os mais importantes filósofos darão certa primazia à estética – incluindo a musical – há pouco organizada como disciplina. É o caso de G. W. F. Hegel (1770-1831), o mais influente filósofo contemporâneo de Beethoven. A hipótese deste estudo parte da não relação entre esses dois importantes protagonistas, o que, na conjuntura histórica indicada, é estranhamente notável. Hegel, em suas muitas preleções dedicadas à arte e à música, jamais cita Beethoven entre os muitos compositores dos quais lança mão como seus exemplos; além disso, é possível que haja determinadas censuras veladas de caráter poético-estilístico desenvolvidas em seus escritos, aplicáveis à música do compositor alemão. Por outro lado, embora não haja registro de comentários de Beethoven acerca de sua ausência na filosofia de Hegel, a hipótese deste estudo sugere que a resposta ao programa hegeliano possa ter se dado no campo artístico, especificamente através de sua Nona Sinfonia. Ainda pouco explorada, a conjunção arte-filosofia, tomada no âmbito da relação entre compositores e filósofos, pode encontrar aqui uma prévia menos ruidosa do consagrado embate Nietzsche-Wagner. Assim sendo, devido aos muitos pontos movediços que são base da hipótese proposta, curiosamente, este ensaio visa especular justamente sobre aquilo que surge do silêncio de ambos os atores em questão: aquilo que Hegel não disse, e o que este silêncio quer dizer; aquilo que Beethoven não expôs em forma de registro escrito, respondendo ao silêncio hegeliano sobre si com uma obra musical, e a efetividade desta resposta.http://www.revistas.usp.br/revistadatulha/article/view/164253filosofia da artebeethovenhegel |
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É amplamente reconhecida a magnitude que ganhou a música como objeto do pensamento filosófico no século XIX. Mesmo compositores, antes considerados na condição de artesãos, tornaram-se pensadores influentes, na esteira da importância da música no pensamento de grandes filósofos. Ludwig van Beethoven (1770-1827) se destaca como pioneiro de uma tendência que culminará na relevância adquirida por Richard Wagner para a história da filosofia: no século XIX os mais importantes filósofos darão certa primazia à estética – incluindo a musical – há pouco organizada como disciplina. É o caso de G. W. F. Hegel (1770-1831), o mais influente filósofo contemporâneo de Beethoven. A hipótese deste estudo parte da não relação entre esses dois importantes protagonistas, o que, na conjuntura histórica indicada, é estranhamente notável. Hegel, em suas muitas preleções dedicadas à arte e à música, jamais cita Beethoven entre os muitos compositores dos quais lança mão como seus exemplos; além disso, é possível que haja determinadas censuras veladas de caráter poético-estilístico desenvolvidas em seus escritos, aplicáveis à música do compositor alemão. Por outro lado, embora não haja registro de comentários de Beethoven acerca de sua ausência na filosofia de Hegel, a hipótese deste estudo sugere que a resposta ao programa hegeliano possa ter se dado no campo artístico, especificamente através de sua Nona Sinfonia. Ainda pouco explorada, a conjunção arte-filosofia, tomada no âmbito da relação entre compositores e filósofos, pode encontrar aqui uma prévia menos ruidosa do consagrado embate Nietzsche-Wagner. Assim sendo, devido aos muitos pontos movediços que são base da hipótese proposta, curiosamente, este ensaio visa especular justamente sobre aquilo que surge do silêncio de ambos os atores em questão: aquilo que Hegel não disse, e o que este silêncio quer dizer; aquilo que Beethoven não expôs em forma de registro escrito, respondendo ao silêncio hegeliano sobre si com uma obra musical, e a efetividade desta resposta. |
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