As Representações Sociais de ‘educando-pobre’ e a formação da identidade profissional do educador social
Este artigo objetiva identificar as relações entre as possíveis representações sociais de ‘educando-pobre’ e a identidade profissional dos educadores sociais de duas instituições sócio-educativas – uma no Rio de Janeiro-RJ, e outra em Belo Horizonte-MG – de uma rede de ONGs caritativas do Terceiro S...
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Language: | Portuguese |
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Universidade Estácio de Sá
2017-10-01
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Series: | Revista Educação e Cultura Contemporânea |
Online Access: | http://periodicos.estacio.br/index.php/reeduc/article/view/3742 |
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doaj-b1144a924522489bbe7a838ee988e1a72020-11-25T01:55:02ZporUniversidade Estácio de SáRevista Educação e Cultura Contemporânea1807-21942238-12792017-10-01143710.5935/reeduc.v14i37.37421435As Representações Sociais de ‘educando-pobre’ e a formação da identidade profissional do educador socialArthur Vianna Ferreira0Universidade do Estado do Rio de JaneiroEste artigo objetiva identificar as relações entre as possíveis representações sociais de ‘educando-pobre’ e a identidade profissional dos educadores sociais de duas instituições sócio-educativas – uma no Rio de Janeiro-RJ, e outra em Belo Horizonte-MG – de uma rede de ONGs caritativas do Terceiro Setor, administrada pela Igreja Católica Apostólica Romana. Para alcançar estes objetivos buscou-se identificar as representações de ‘educando-pobre’ existentes entre os profissionais da educação destas ONGs, averiguar se estas representações eram sociais e de que forma estas representações auxiliavam na construção de uma identidade própria deste grupo de profissionais da educação social que atende à população empobrecida conforme a legislação de filantropia do país. A partir da Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici – em uma abordagem societal de Willem Doise –, da Teoria da Identidade Profissional de Claude Dubar e a análise retórica do discurso dos educadores – proposta por Tarso Bonilla Mazzotti – foi identificada a existência de um modelo/núcleo figurativo de ‘resgate social’, partilhado por duas representações sociais – a de ‘educando-pobre’ e a de ‘ONG caritativa’ – que organizam, orientam e condicionam o processo de ‘atribuição e pertença’ entre as distintas categorias sociais presentes na negociação entre os educadores sociais e os outros grupos sociais. As entrevistas semidirigidas realizadas com os educadores das instituições estudadas apontam para a existência de um campo simbólico da representação social de ‘educando-pobre’ organizado na figura metonímica do pobre ‘Lázaro’ da cultura sócio-religiosa da instituição que se apresenta como um sujeito ‘fragmentado’ – econômica, social e moralmente – pela sua condição de pobreza. Desta forma, as atividades educacionais estão para atender as demandas do núcleo figurativo da representação social de ‘pobre’ e não necessariamente as necessidades dos sujeitos que se encontram nesse ambiente sócio-educacional. Estas referidas representações sociais proporcionam uma ‘esteganalteridade’, ou seja, assumem a função de ‘mascarar’ as reais demandas sócio-educacionais do ‘educando-pobre’ que está presente no cotidiano das relações do ambiente educativo. Àqueles sujeitos que não se enquadram nesta figura representativa de pobreza acabam por evadir. Igualmente, as representações sociais de ‘ONGs caritativas’, também presentes no processo identitário do educador social, cumpre duas finalidades. No primeiro momento, a vivência destas representações sociais ajuda a legitimar a existência das instituições sócio-educativas católicas, no ambiente do Terceiro Setor filantrópico brasileiro, projetando a sua importância como investidora de trabalhos sócio-educacionais. No segundo momento, estas representações reafirmam a importância dos educadores sociais como uma categoria profissional legitima e responsáveis pela integração das camadas empobrecidas à sociedade civil no país. Neste aspecto, as representações de ONGs caritativas ajudam a criar uma espécie de ‘iconidentidade profissional’, que serve como diferenciador identitário do educador social em relação aos outros profissionais da educação formal, caracterizando o seu trabalho com os pobres em uma perspectiva de inclusão destes sujeitos na sociedade. Enfim, ambas as representações sociais, ‘educando-pobre’ e ‘ONGs caritativas’ buscam atender as demandas da figura metonímica do ‘pobre-lázaro’ construído pelo modelo figurativo das representações sociais partilhadas em seu processo básico de atribuição e pertença ao grupo profissional de educadores sociais no Terceiro Setor.http://periodicos.estacio.br/index.php/reeduc/article/view/3742 |
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Este artigo objetiva identificar as relações entre as possíveis representações sociais de ‘educando-pobre’ e a identidade profissional dos educadores sociais de duas instituições sócio-educativas – uma no Rio de Janeiro-RJ, e outra em Belo Horizonte-MG – de uma rede de ONGs caritativas do Terceiro Setor, administrada pela Igreja Católica Apostólica Romana. Para alcançar estes objetivos buscou-se identificar as representações de ‘educando-pobre’ existentes entre os profissionais da educação destas ONGs, averiguar se estas representações eram sociais e de que forma estas representações auxiliavam na construção de uma identidade própria deste grupo de profissionais da educação social que atende à população empobrecida conforme a legislação de filantropia do país. A partir da Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici – em uma abordagem societal de Willem Doise –, da Teoria da Identidade Profissional de Claude Dubar e a análise retórica do discurso dos educadores – proposta por Tarso Bonilla Mazzotti – foi identificada a existência de um modelo/núcleo figurativo de ‘resgate social’, partilhado por duas representações sociais – a de ‘educando-pobre’ e a de ‘ONG caritativa’ – que organizam, orientam e condicionam o processo de ‘atribuição e pertença’ entre as distintas categorias sociais presentes na negociação entre os educadores sociais e os outros grupos sociais. As entrevistas semidirigidas realizadas com os educadores das instituições estudadas apontam para a existência de um campo simbólico da representação social de ‘educando-pobre’ organizado na figura metonímica do pobre ‘Lázaro’ da cultura sócio-religiosa da instituição que se apresenta como um sujeito ‘fragmentado’ – econômica, social e moralmente – pela sua condição de pobreza. Desta forma, as atividades educacionais estão para atender as demandas do núcleo figurativo da representação social de ‘pobre’ e não necessariamente as necessidades dos sujeitos que se encontram nesse ambiente sócio-educacional. Estas referidas representações sociais proporcionam uma ‘esteganalteridade’, ou seja, assumem a função de ‘mascarar’ as reais demandas sócio-educacionais do ‘educando-pobre’ que está presente no cotidiano das relações do ambiente educativo. Àqueles sujeitos que não se enquadram nesta figura representativa de pobreza acabam por evadir. Igualmente, as representações sociais de ‘ONGs caritativas’, também presentes no processo identitário do educador social, cumpre duas finalidades. No primeiro momento, a vivência destas representações sociais ajuda a legitimar a existência das instituições sócio-educativas católicas, no ambiente do Terceiro Setor filantrópico brasileiro, projetando a sua importância como investidora de trabalhos sócio-educacionais. No segundo momento, estas representações reafirmam a importância dos educadores sociais como uma categoria profissional legitima e responsáveis pela integração das camadas empobrecidas à sociedade civil no país. Neste aspecto, as representações de ONGs caritativas ajudam a criar uma espécie de ‘iconidentidade profissional’, que serve como diferenciador identitário do educador social em relação aos outros profissionais da educação formal, caracterizando o seu trabalho com os pobres em uma perspectiva de inclusão destes sujeitos na sociedade. Enfim, ambas as representações sociais, ‘educando-pobre’ e ‘ONGs caritativas’ buscam atender as demandas da figura metonímica do ‘pobre-lázaro’ construído pelo modelo figurativo das representações sociais partilhadas em seu processo básico de atribuição e pertença ao grupo profissional de educadores sociais no Terceiro Setor. |
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