Estratégias de prevenção do acidente vascular encefálico cardioembólico na doença de Chagas Prevention strategies of cardioembolic ischemic stroke in Chagas' disease
FUNDAMENTO: O acidente vascular encefálico isquêmico (AVEi) cardioembólico é uma manifestação clínica importante da cardiopatia chagásica crônica, no entanto, ainda não foram definidos sua incidência e os fatores de risco associados a este evento. OBJETIVO: Definir estratégias de prevenção de uma co...
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Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)
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Andréa Silvestre de Sousa Sérgio Salles Xavier Gabriel Rodriguez de Freitas Alejandro Hasslocher-Moreno Estratégias de prevenção do acidente vascular encefálico cardioembólico na doença de Chagas Prevention strategies of cardioembolic ischemic stroke in Chagas' disease Arquivos Brasileiros de Cardiologia Cardiomiopatia chagásica acidente cerebrovascular fatores de risco prognóstico Chagas' cardiomyopathy cerebrovascular accident risk factors prognosis |
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FUNDAMENTO: O acidente vascular encefálico isquêmico (AVEi) cardioembólico é uma manifestação clínica importante da cardiopatia chagásica crônica, no entanto, ainda não foram definidos sua incidência e os fatores de risco associados a este evento. OBJETIVO: Definir estratégias de prevenção de uma complicação freqüente e incapacitante da doença de Chagas, o AVEi cardioembólico. MÉTODOS: No período de março de 1990 a março de 2002, 1.043 pacientes com doença de Chagas foram recrutados e acompanhados até março de 2003 em um estudo prospectivo e observacional de coorte. Por meio da regressão de Cox foi desenvolvido um escore de risco de AVEi, que se correlacionou com a incidência anual desse evento: 4-5 pontos, > 4%; 3 pontos, 2% a 4%; 2 pontos, 1% a 2 %; e 0-1 ponto, < 1%. Foram avaliadas a eficácia e a segurança de duas coortes de tratamento: grupo 1, 52 pacientes em uso de varfarina por 14 ± 14 meses, mantendo INR 2-3; e grupo 2, 104 pacientes em uso de ácido acetilsalicílico (AAS) 200 mg/dia, por 22 ± 21 meses. RESULTADOS: No grupo 1, a taxa anual de sangramento maior necessitando hemotransfusão foi de 1,9%, sem ocorrência de AVEi. Por meio da regressão de Cox foram identificadas 4 variáveis independentes associadas ao evento (disfunção sistólica, aneurisma apical, alteração primária da repolarização ventricular e idade > 48 anos) sendo desenvolvido um escore de risco de AVEi, que se relacionou com a incidência anual desse evento. No grupo 2, não houve complicações hemorrágicas, e a incidência anual de AVEi foi de 3,2%, todos em pacientes com 4-5 pontos. CONCLUSÃO: Por meio da análise de risco-benefício, varfarina estaria indicada aos pacientes com 4-5 pontos, cuja incidência de evento supera a taxa de sangramento maior. No subgrupo de 3 pontos, as taxas de evento e sangramento com anticoagulante se equivalem, sendo indicados AAS ou varfarina, conforme o risco individual de sangramento ou embolização. Nos pacientes com 2 pontos, com baixa incidência de AVEi, seriam recomendados AAS ou nenhuma profilaxia. Os pacientes com 0-1 ponto, com incidência do evento próxima a zero, não necessitam de profilaxia.<br>BACKGROUND: The cardioembolic (CE) ischemic stroke is an important clinical manifestation of chronic chagasic cardiopathy; however, its incidence and the risk factors associated to this event have yet to be defined. OBJECTIVE: To determine prevention strategies for a common and devastating complication of Chagas' disease, the cardioembolic (CE) ischemic stroke. METHODS: 1,043 patients with Chagas' disease were prospectively evaluated from 03/1990 to 03/2002 and followed up to 03/2003. Cox regression was performed to create the CE risk score that was related with the annual incidence of this event: 4-5 points - >4%; 3 points - 2-4%; 2 points - 1-2%; 0-1 points - <1%. We evaluated the efficacy and safety of two treatment cohorts: (1) 52 patients who used warfarin (INR 2-3) for 14±14 months; (2) 104 patients who used acetylsalicylic acid (ASA) (200 mg/d) for 22±21 months. RESULTS: In group (1), the risk of a major bleeding that needed blood transfusion was 1.9% a year, without CE. Cox regression was used to identify 4 independent variables associated to the event (systolic dysfunction, apical aneurysm, primary alteration of ventricular repolarization and age > 48 years) and an CE risk score was developed, which was associated with the annual incidence of this event. In group (2) there were no bleeding complications and the annual incidence of CE was 3.2%, all of them in patients with 4-5 points. CONCLUSION: Based on the risk-benefit analysis, warfarin prophylaxis for cardioembolic stroke in Chagas' disease is recommended for patients with a score of 4-5 points, in whom the risk of CE overweighs the risk of a major bleeding. With a 3-point score, the risks of bleeding and CE are the same, so the medical decision of using either warfarin or ASA has to be an individual one. In patients with a low risk of CE (2-point score) either ASA or no therapy can be chosen. The prophylaxis is not necessary in patients with 0-1 point scores, in whom the stroke incidence is near zero. |
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