Nos embates com a morte, os médicos não estão sozinhos In the struggles with death, doctors are not alone

Diferentes pesquisas já identificaram dificuldades, entre médicos, de lidar com o morrer humano, mas tais dificuldades estariam associadas a formas mais amplas e coletivas de lidar com o tema. O presente estudo buscou explorar tal perspectiva investigando grupos fora do âmbito dos profissionais da s...

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Bibliographic Details
Main Author: Eliane Brígida Morais Falcão
Format: Article
Language:English
Published: Universidade de São Paulo 2012-09-01
Series:Saúde e Sociedade
Subjects:
Online Access:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902012000300017
Description
Summary:Diferentes pesquisas já identificaram dificuldades, entre médicos, de lidar com o morrer humano, mas tais dificuldades estariam associadas a formas mais amplas e coletivas de lidar com o tema. O presente estudo buscou explorar tal perspectiva investigando grupos fora do âmbito dos profissionais da saúde. Dois grupos, cariocas e mineiros, foram entrevistados sobre suas visões e atitudes em relação ao tema morte. Todos na faixa etária 50-60 anos, com nível superior de escolaridade e padrão socioeconômico e cultural semelhantes e sem atuação em áreas relacionadas à saúde. A pesquisa foi de natureza exploratória e a metodologia de análise foi a do discurso do sujeito coletivo - (DSC) que se baseia na teoria da representação social. Os resultados sugeriram diferenças locais e de gênero. Os mineiros incluíram laços familiares e de amizade como elementos da qualidade de vida. Entre as mulheres (cariocas e mineiras) houve referências frequentes a elementos familiares como pai, mãe, avó e tia. No conjunto, cariocas e mineiros expressaram um padrão geral: preferem não pensar na morte, escolhem pensar na qualidade de vida para envelhecer bem. Ainda que o falar sobre a velhice traga relevantes reflexões, a dificuldade do falar sobre a morte revelou-se também nesse deslocamento. Se os médicos se veem hoje tateando caminhos para lidar com os limites da biomedicina, também os investigados encontram-se envolvidos com o uso de tais recursos no enfrentamento da morte. Uns e outros estão às voltas com as angústias que o tema favorece.<br>Different works have identified doctors' difficulty in dealing with human death, but such difficulties would be associated with broader and more collective forms of handling this theme. This research aimed at exploring this perspective and investigated professionals who were not in the health area. Two groups, from the Brazilian States of Rio de Janeiro and Minas Gerais, were interviewed on their views and attitudes concerning the theme. All the interviewees were aged between 50 and 60 years, had similar socioeconomic, cultural and educational background (university degree) and none of them had worked in the health field. The research had an exploratory nature and used the Collective Subject Discourse - CSD, which is based on the theory of social representation, for the methodological analysis. The results indicated both local and gender differences. The group from Minas Gerais included family and friendship ties as elements of quality of life. Among women (from both States) there were frequent references to family elements such as father, mother, grandmother and aunt. On the whole, both groups expressed a general pattern: they prefer not to think about death, and they would rather think about quality of life in order to age well. Even though talking about aging brings in relevant reflections, the difficulty in talking about death was also revealed in this displacement. Both doctors and the investigated professionals are facing the anguish that is favored by the theme.
ISSN:0104-1290
1984-0470