Democracia racial e dispositivos de segurança no Brasil: contribuições para uma educação antirracista
Uma das grandes proposições da Lei 10.639/03 que obriga o ensino da História e cultura afro-brasileira no currículo da educação brasileira é o enfrentamento do racismo. Para tanto é preciso entender as “especificidades” da construção histórica do racismo no Brasil, o que possibilita articular de for...
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Format: | Article |
Language: | Portuguese |
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Universidade Estácio de Sá
2017-09-01
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Series: | Revista Educação e Cultura Contemporânea |
Online Access: | http://periodicos.estacio.br/index.php/reeduc/article/view/2533 |
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doaj-aaa9cc8594ed4e26bce5644e5f3815c32020-11-25T00:53:57ZporUniversidade Estácio de SáRevista Educação e Cultura Contemporânea1807-21942238-12792017-09-01153810.5935/reeduc.v15i38.25331295Democracia racial e dispositivos de segurança no Brasil: contribuições para uma educação antirracistaMozart Linhares da Silva0Universidade de Santa Cruz do SulUma das grandes proposições da Lei 10.639/03 que obriga o ensino da História e cultura afro-brasileira no currículo da educação brasileira é o enfrentamento do racismo. Para tanto é preciso entender as “especificidades” da construção histórica do racismo no Brasil, o que possibilita articular de forma mais efetiva as relações entre a educação e os processos de subjetivação que constituem sujeitos capazes deste enfrentamento. A partir desta premissa, analiso, neste artigo, o “mito” da democracia racial na perspectiva foucaultiana dos dispositivos de segurança, problematizando as narrativas identitárias que instituíram o não-racismo no Brasil como corolário de uma sociedade não-conflituada. Problematizo a democracia racial considerando esta na confluência da articulação entre eugenia, política de branqueamento e mestiçagem, cujo desdobramento é a constituição do corpo-espécie da população brasileira, a partir dos anos 1930, como processo de inclusão-exclusiva da população negra num dispositivo que a inclui, pela lógica da mestiçagem, numa narrativa identitária que simultaneamente a exclui do devir nacional. Aponto para a negação do racismo e o proselitismo da mestiçagem como elementos que fazem com que a democracia racial funcione como um dispositivo de segurança, cujos desdobramentos são evidenciados no processo de “pardificação” da população, demonstrada nos censos entre os anos 1940 e 2010, o que aponta para os processos de subjetivação acionados pelas narrativas identitárias que fazem da mestiçagem uma lógica social. Por fim, chamo a atenção para a fratura do “mito” na contemporaneidade, na qual novos arranjos biopolíticos precisam ser considerados para o entendimento das relações raciais no Brasil.http://periodicos.estacio.br/index.php/reeduc/article/view/2533 |
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Mozart Linhares da Silva |
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Uma das grandes proposições da Lei 10.639/03 que obriga o ensino da História e cultura afro-brasileira no currículo da educação brasileira é o enfrentamento do racismo. Para tanto é preciso entender as “especificidades” da construção histórica do racismo no Brasil, o que possibilita articular de forma mais efetiva as relações entre a educação e os processos de subjetivação que constituem sujeitos capazes deste enfrentamento. A partir desta premissa, analiso, neste artigo, o “mito” da democracia racial na perspectiva foucaultiana dos dispositivos de segurança, problematizando as narrativas identitárias que instituíram o não-racismo no Brasil como corolário de uma sociedade não-conflituada. Problematizo a democracia racial considerando esta na confluência da articulação entre eugenia, política de branqueamento e mestiçagem, cujo desdobramento é a constituição do corpo-espécie da população brasileira, a partir dos anos 1930, como processo de inclusão-exclusiva da população negra num dispositivo que a inclui, pela lógica da mestiçagem, numa narrativa identitária que simultaneamente a exclui do devir nacional. Aponto para a negação do racismo e o proselitismo da mestiçagem como elementos que fazem com que a democracia racial funcione como um dispositivo de segurança, cujos desdobramentos são evidenciados no processo de “pardificação” da população, demonstrada nos censos entre os anos 1940 e 2010, o que aponta para os processos de subjetivação acionados pelas narrativas identitárias que fazem da mestiçagem uma lógica social. Por fim, chamo a atenção para a fratura do “mito” na contemporaneidade, na qual novos arranjos biopolíticos precisam ser considerados para o entendimento das relações raciais no Brasil. |
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