Aspectos epidemiológicos e sociais da doença falciforme Epidemiologic and social aspects of sickle cell disease
A doença falciforme (DF) é uma doença genética frequente. Predomina entre negros e pardos e, no Brasil, a cada ano, nascem 3.500 crianças com DF e 200.000 com traço falciforme. As hemácias com hemoglobina S assumem, em condições de hipóxia, forma semelhante à foice, podendo levar à oclusão dos capil...
Main Authors: | , , |
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Format: | Article |
Language: | English |
Published: |
Elsevier
2010-01-01
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Series: | Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia |
Subjects: | |
Online Access: | http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-84842010000300006 |
Summary: | A doença falciforme (DF) é uma doença genética frequente. Predomina entre negros e pardos e, no Brasil, a cada ano, nascem 3.500 crianças com DF e 200.000 com traço falciforme. As hemácias com hemoglobina S assumem, em condições de hipóxia, forma semelhante à foice, podendo levar à oclusão dos capilares, provocando lesões teciduais agudas e crônicas de órgãos, quase sempre acompanhadas de dor. Através de visitas domiciliares objetivou-se ampliar o conhecimento dos aspectos epidemiológicos e de enfrentamento da doença. Foram estudados 47 pacientes falcêmicos da cidade de Uberaba (MG), com idade igual ou superior a 18 anos, sendo 78,7% negros, 17% pardos e 4,3% brancos, preponderando o gênero feminino (59,6%). Quanto ao tipo de hemoglobinopatia, 63,8% eram SS, 17% SC e 10,6% β-talassemia. A maioria (74,5%) residia em bairros periféricos; 42,5% tinham o segundo grau completo; 38,2% eram aposentados ou não tinham profissão definida. A renda per capita de 48,9% era de até um salário mínimo e 19,1% não percebiam qualquer rendimento. Quanto aos sentimentos relacionados à doença, 38,3% referiram aceitação, 21,3% revolta, 17% tristeza; 46,8% relatavam, após o diagnóstico, mudança para pior em relação ao trabalho e 31,9% em relação ao lazer. Verificou-se neste estudo que a DF reflete negativamente nas atividades laborais e na qualidade de vida do paciente. Contudo, as dificuldades no enfrentamento da doença, habitação precária, desemprego e/ou trabalho mal remunerado poderiam ser minimizadas com acompanhamento social e psicoterápico adequados, que deveriam ser disponibilizados a todo doente falciforme.<br>Sickle cell disease (SCD) is the commonest genetic illness of human beings. In Brazil it is predominant among black and dark-skinned people; every year 3,500 children are born with SCD and 200,000 with the sickle cell trait. In conditions of hypoxia, red blood cells assume the shape of a sickle. Patients may evolve with capillary occlusion causing acute and chronic tissue lesions in organs, which is almost always accompanied by pain. With the purpose of improving knowledge related to the epidemiologic aspects of the illness and how patients cope with it, 47 over 18-year-old patients from the city of Uberaba were studied during home visits. Of these predominantly female patients (59.6%), 78.7% were black, 17% dark-skinned and 4.3% white. In respect to the type of hemoglobinopathy, 63.8% had hemoglobin SS; 17% had hemoglobin SC and 10.6% had sickle beta-thalassemia. The majority (74.5%) lived in poor regions of the city, 42.5% had concluded high school, 38.2% were either retired or did not have any specific profession, 48.9% earned up to one minimum wage and 19.1% did not receive any wages. In respect to their feelings, 38.3% showed they accepted their illness, 21.3% were resentful, 17% were sad and 46.8% said their lives had changed for the worse in relation to work and 31.9% in relation to leisure. It was possible to show with this study that SCD negatively reflects on activities related to work and on the patient's quality of life. Thus, difficulties in coping with the illness, such as poor housing, unemployment and/or badly paid jobs, may be minimized with social and psychotherapeutic accompaniment, which should be made available to every SCD patient. |
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ISSN: | 1516-8484 1806-0870 |