Summary: | O parlamento brasileiro tem se caracterizado pela grande quantidade de frentes parlamentares criadas nos últimos anos. As interpretações correntes, em geral baseadas numa concepção "gestionária" e normativa da dominação política, associam isso à fragilidade dos alinhamentos e da fidelidade partidária ou ao "pragmatismo" dos políticos. Tomando como universo empírico os deputados federais do período de 2002 a 2006, o texto procura demonstrar que essas frentes parlamentares não são o produto de alguma fragilidade partidária, mas de uma configuração específica dos modos de relacionamento entre a atuação de grupos de interesse e o espaço político. Sendo assim, a participação em frentes parlamentares está diretamente associada às atividades de expertise e de politização de interesses organizados. Por outro lado, essa participação também depende diretamente das respectivas condições de inserção e dos trajetos sociais e políticos. Isso inclui as posições nas clivagens e confrontos político-partidários, apesar de configurar um padrão de dominação política distinto do chamado "modelo pluralista", em geral tomado normativamente como referência.
|