Summary: | Abordaremos neste artigo dois mitos opostos e complementares: o da mãe filicida e o da virgem-mãe, a partir da observação da primazia de reescritas recuperadoras do mito de Medeia na literatura brasileira e do gosto popular e literário pelo mito bíblico da virgem-mãe. Paradoxos em si, ambos os mitos mostram, no mundo masculino, o absurdo do feminino americano, a saber, a figura daquela que gera e mata e daquela que gera do nada de modo a gerar um curto-circuito conceitual. A virgem-mãe é “Senhora destes povos tão sofridos/Patrona dos pequenos e oprimidos”. Medeia, como mãe, vê o estorvo que são os filhos e elimina-os de sua trajetória. Em ambas as abordagens, as duas protagonistas surgem no imaginário mítico vestidas de sol, gloriosas, de forma a iluminar, clarear, provocar a lucidez e, ao mesmo tempo, ofuscar e cegar. Serão observadas as peças Medeia, de Eurípides, e, do grupo Mayombe, A pequenina América e sua avó $ifrada de escrúpulos. Também faremos breves incursões a uma pequena farsa de Ariano Suassuna, Uma mulher vestida de Sol e ao Apocalipse.
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