O que não tem remédio, remediado está? What cannot be cured must be endured?

• Main Authors: Renata Guarido, Rinaldo Voltolini
• Format: Article
• Language: English
• Published: Universidade Federal de Minas Gerais 2009-04-01
• Series: Educação em Revista
• Subjects: Psicanálise; Educação; Medicalização; Psychoanalysis; Education; Medicalization
• Online Access: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-46982009000100014
• ISSN: 0102-4698; 1982-6621

Temos observado um aumento significativo na prescrição de medicamentos psiquiátricos para toda sorte de sofrimentos cotidianos. Sabemos que as crianças não têm sido poupadas dessa lógica de tratamentos. A escola, por sua vez, tem apelado intensamente ao saber médico para "corrigir" os problemas apresentados por seus alunos. A prática descrita brevemente está sustentada por uma biologização cada vez mais bem-sucedida de nossa condição humana, ou seja, parece que chegou o tempo de o homem viver de perto o mito do criador, sustentado pelo controle da bioquímica e da genética de nosso organismo. Como efeito dessa biologização temos um silenciamento do sujeito em benefício da amplificação do lugar ocupado por seu organismo. Neste trabalho, pretendemos discutir o impacto dessa lógica de tratamentos para a prática nas escolas. O que pretendemos destacar aqui é que se a bioquímica responde ao porquê o menino aprende ou não aprende, e o remédio se torna um instrumento imprescindível na aprendizagem da criança, o professor "não tem mais nada a ver com isto", no duplo sentido que a expressão indica: o de desresponsabilização e o de impotência.<br>A significant increase in the prescription of psychiatric medication for all kinds of daily suffering is observed, and children have not been prevented from this treatment. Schools, on their turn, have intensively appealed to the doctor's knowledge to 'correct' the problems their students present. This briefly described practice is sustained by an ongoing well succeeded biologization of our human condition, that is, it seems that the time has come for man to experience the creator myth, supported by the biochemical and genetic control of our organisms. As an effect of this biologization, the subject is silenced for the benefit of the enlargement of the room his or her body occupies. A discussion on the impact of this logic of treatment practiced in schools is developed focusing on a crucial question: would bio-chemistry answer the question why a child learns or not, would medicine play a main role in the child learning process, would a teacher 'have nothing to do with it' in the two senses the expression suggests: a process of irresponsibility and a status of impotence?