Avaliação prognóstica individual na UTI: é possível diferenciar insistência terapêutica de obstinação terapêutica? Individual prognostic assessment in the intensive care unit: can therapeutic persistence be distinguished from therapeutic obstinacy?
OBJETIVOS: A disponibilidade de alta tecnologia na unidade de terapia intensiva tem-se transformado, muitas vezes, em instrumento potencializador de sofrimento ao aumentar o tempo do processo de morrer. Diferenciar insistência terapêutica de obstinação terapêutica tem sido um grande desafio da medic...
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Associação de Medicina Intensiva Brasileira
2009-08-01
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Cristiano Corrêa Batista Caroline de Arriada Gattass Talita Pereira Calheiros Raquel Balhinhas de Moura |
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OBJETIVOS: A disponibilidade de alta tecnologia na unidade de terapia intensiva tem-se transformado, muitas vezes, em instrumento potencializador de sofrimento ao aumentar o tempo do processo de morrer. Diferenciar insistência terapêutica de obstinação terapêutica tem sido um grande desafio da medicina atual. O objetivo deste estudo foi avaliar a relação benefício versus malefício do uso de terapias que sustentam as funções vitais por meio de um sistema evolutivo de avaliação prognóstica individual. MÉTODOS: Estudo de coorte, prospectivo, observacional, desenvolvido na unidade de tratamento intensivo do Hospital Universitário São Francisco de Paula da UCPel, Pelotas, RS no período de 1° de março de 2006 a 31 de agosto de 2007. Foram registradas: a avaliação prognóstica individual por meio de um sistema evolutivo, utilizando o índice UNICAMP II associado aos níveis séricos de albumina, transferrina e linfócitos; as terapias mantenedoras das funções vitais; o desfecho. A análise estatística foi realizada utilizando o teste t de Student, a ANOVA, o teste do Qui-quadrado, o teste exato de Fisher, o teste de correlação de Spearman e a curva ROC. Foi considerado estatisticamente significativo um valor p < 0,05. RESULTADOS: Avaliaram-se 447 pacientes durante o período de estudo. A prevalência de óbito foi significativamente maior entre os que iniciaram as terapias mantenedoras das funções vitais na fase tardia de intervenção e também entre aqueles que pioraram seu índice prognóstico e seu estado nutricional ao longo da fase precoce de intervenção. CONCLUSÃO: A avaliação evolutiva prognóstica individual mostrou-se um método útil para subsidiar, de forma objetiva, tomadas de decisões éticas no referente à diferença entre insistência terapêutica e obstinação terapêutica.<br>OBJECTIVES: Availability of state-of-the-art technology at intensive care units has often turned into a tool aggravating suffering by prolonging the end-of-life process. Distinguishing therapeutic persistence from therapeutic obstinacy has become a great challenge for present-day medicine. The aim of this study was to assess the benefit-harm relation in the use of life-sustaining therapies by means of an evolutionary system of individual prognostic assessment. METHODS: A cohort, prospective, observational study at the intensive care unit of the São Francisco De Paula University Hospital of UCPel, Pelotas RS from March 2006 to August 31, 2007. Individual prognostic assessments were recorded by using an evolutionary system, the UNICAMP II index, associated with albumin transferrin and lymphocytes serum levels, life- sustaining therapies and the outcome. Statistical analysis was carried out by the Student's t-test, ANOVA test, Chi-square test, Fisher's exact test, Spearman's correlation test and area under the receiver-operating characteristic curve. A p value < 0.05 was considered statistically significant. RESULTS: Four hundred forty seven patients were assessed during the study. Prevalence of death was significantly higher among those who received life-sustaining therapies at a later stage of the intervention, and those whose prognostic index and nutritional status worsened at an early stage of intervention. CONCLUSION: Assessment of individual evolutionary prognostic proved to be a useful method to objectively subsidize ethical decisions related to therapeutic persistence and therapeutic obstinacy. |
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doaj-9d155c1cd82a4f87ba5ea8c5274be3642020-11-25T02:24:47ZengAssociação de Medicina Intensiva BrasileiraRevista Brasileira de Terapia Intensiva 0103-507X1982-43352009-08-0121324725410.1590/S0103-507X2009000300003Avaliação prognóstica individual na UTI: é possível diferenciar insistência terapêutica de obstinação terapêutica? Individual prognostic assessment in the intensive care unit: can therapeutic persistence be distinguished from therapeutic obstinacy?Cristiano Corrêa BatistaCaroline de Arriada GattassTalita Pereira CalheirosRaquel Balhinhas de MouraOBJETIVOS: A disponibilidade de alta tecnologia na unidade de terapia intensiva tem-se transformado, muitas vezes, em instrumento potencializador de sofrimento ao aumentar o tempo do processo de morrer. Diferenciar insistência terapêutica de obstinação terapêutica tem sido um grande desafio da medicina atual. O objetivo deste estudo foi avaliar a relação benefício versus malefício do uso de terapias que sustentam as funções vitais por meio de um sistema evolutivo de avaliação prognóstica individual. MÉTODOS: Estudo de coorte, prospectivo, observacional, desenvolvido na unidade de tratamento intensivo do Hospital Universitário São Francisco de Paula da UCPel, Pelotas, RS no período de 1° de março de 2006 a 31 de agosto de 2007. Foram registradas: a avaliação prognóstica individual por meio de um sistema evolutivo, utilizando o índice UNICAMP II associado aos níveis séricos de albumina, transferrina e linfócitos; as terapias mantenedoras das funções vitais; o desfecho. A análise estatística foi realizada utilizando o teste t de Student, a ANOVA, o teste do Qui-quadrado, o teste exato de Fisher, o teste de correlação de Spearman e a curva ROC. Foi considerado estatisticamente significativo um valor p < 0,05. RESULTADOS: Avaliaram-se 447 pacientes durante o período de estudo. A prevalência de óbito foi significativamente maior entre os que iniciaram as terapias mantenedoras das funções vitais na fase tardia de intervenção e também entre aqueles que pioraram seu índice prognóstico e seu estado nutricional ao longo da fase precoce de intervenção. CONCLUSÃO: A avaliação evolutiva prognóstica individual mostrou-se um método útil para subsidiar, de forma objetiva, tomadas de decisões éticas no referente à diferença entre insistência terapêutica e obstinação terapêutica.<br>OBJECTIVES: Availability of state-of-the-art technology at intensive care units has often turned into a tool aggravating suffering by prolonging the end-of-life process. Distinguishing therapeutic persistence from therapeutic obstinacy has become a great challenge for present-day medicine. The aim of this study was to assess the benefit-harm relation in the use of life-sustaining therapies by means of an evolutionary system of individual prognostic assessment. METHODS: A cohort, prospective, observational study at the intensive care unit of the São Francisco De Paula University Hospital of UCPel, Pelotas RS from March 2006 to August 31, 2007. Individual prognostic assessments were recorded by using an evolutionary system, the UNICAMP II index, associated with albumin transferrin and lymphocytes serum levels, life- sustaining therapies and the outcome. Statistical analysis was carried out by the Student's t-test, ANOVA test, Chi-square test, Fisher's exact test, Spearman's correlation test and area under the receiver-operating characteristic curve. A p value < 0.05 was considered statistically significant. RESULTS: Four hundred forty seven patients were assessed during the study. Prevalence of death was significantly higher among those who received life-sustaining therapies at a later stage of the intervention, and those whose prognostic index and nutritional status worsened at an early stage of intervention. CONCLUSION: Assessment of individual evolutionary prognostic proved to be a useful method to objectively subsidize ethical decisions related to therapeutic persistence and therapeutic obstinacy.http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-507X2009000300003Unidades de terapia intensivaÉtica médicaAssistência paliativaDireito a morrerIntensive care unitsMedical ethicsPalliative careRight to die |