Documentos do Presente: O Cinema no Lixo
Num de seus últimos livros, Tiempo pasado, Beatriz Sarlo emprega, de início, dois adjetivos pouco alvissareiros para entrar em assunto, como corresponde a seu “estilo”, claro e objetivo: o passado é sempre conflitivo, escreve para começar; no passado existe algo intratável, afirma em seguida. No cen...
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Universidade Federal de Santa Catarina
2007-12-01
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doaj-9c751dafad3244e388b82efadf30c1762020-11-25T01:57:47ZspaUniversidade Federal de Santa CatarinaBoletim de Pesquisa NELIC1984-784X1984-784X2007-12-017111020Documentos do Presente: O Cinema no LixoJorge Hoffmann Wolff0UNISULNum de seus últimos livros, Tiempo pasado, Beatriz Sarlo emprega, de início, dois adjetivos pouco alvissareiros para entrar em assunto, como corresponde a seu “estilo”, claro e objetivo: o passado é sempre conflitivo, escreve para começar; no passado existe algo intratável, afirma em seguida. No cenário que arma, mantêm-se em tensão a memória e a história: “a memória desconfia de uma reconstrução que não ponha em seu centro os direi-tos da lembrança (direitos de vida, de justiça, de subjetividade)”, mas a história “nem sem-pre pode acreditar na memória” (SARLO, 2005: 9). Recordar não é apenas viver, conforme o adágio popular, mas sim viver aqui e agora, uma vez que a memória é necessariamente posta em ação no presente. Porém, como se sabe, o passado somente chega ao presente se restou alguém para contar a história, e se esse alguém não estiver proibido de fazê-lo, como freqüentemente ocorre. Nem o futuro nietzscheano, nem o passado moderno: o tempo pre-sente propõe, segundo ela, o império do “instante”, ao mesmo tempo em que transforma o museu e seus habitantes em personagens e casas de espetáculo: “as sociedades ocidentais vivem uma era de auto-arqueologização” (MAIER apud SARLO, 2005: 11). Trata-se de um novo avatar da tendência irresistível do tempo presente à monumentalização, que podemos chamar de “neohistoricismo”.https://periodicos.ufsc.br/index.php/nelic/article/view/5699/5166DocumentosPresenteCinemaLixo |
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Num de seus últimos livros, Tiempo pasado, Beatriz Sarlo emprega, de início, dois adjetivos pouco alvissareiros para entrar em assunto, como corresponde a seu “estilo”, claro e objetivo: o passado é sempre conflitivo, escreve para começar; no passado existe algo intratável, afirma em seguida. No cenário que arma, mantêm-se em tensão a memória e a história: “a memória desconfia de uma reconstrução que não ponha em seu centro os direi-tos da lembrança (direitos de vida, de justiça, de subjetividade)”, mas a história “nem sem-pre pode acreditar na memória” (SARLO, 2005: 9). Recordar não é apenas viver, conforme o adágio popular, mas sim viver aqui e agora, uma vez que a memória é necessariamente posta em ação no presente. Porém, como se sabe, o passado somente chega ao presente se restou alguém para contar a história, e se esse alguém não estiver proibido de fazê-lo, como freqüentemente ocorre. Nem o futuro nietzscheano, nem o passado moderno: o tempo pre-sente propõe, segundo ela, o império do “instante”, ao mesmo tempo em que transforma o museu e seus habitantes em personagens e casas de espetáculo: “as sociedades ocidentais vivem uma era de auto-arqueologização” (MAIER apud SARLO, 2005: 11). Trata-se de um novo avatar da tendência irresistível do tempo presente à monumentalização, que podemos chamar de “neohistoricismo”. |
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