Violência e sofrimento social: a resistência feminina na obra de Veena Das Violence and Social Suffering: women's resistance in Veena Das' works
O sofrimento social vem sendo discutido por pesquisadores brasileiros em diferentes contextos, normalmente associado às populações socialmente excluídas, vítimas de violência e da miséria crônica, com atenção especial para sua repercussão nos corpos de mulheres e crianças. Neste trabalho discute-se...
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Universidade de São Paulo
2008-09-01
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Series: | Saúde e Sociedade |
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doaj-97d6cb16d1eb415688f5a7d11d8539282020-11-24T22:57:33ZengUniversidade de São PauloSaúde e Sociedade0104-12901984-04702008-09-0117391810.1590/S0104-12902008000300003Violência e sofrimento social: a resistência feminina na obra de Veena Das Violence and Social Suffering: women's resistance in Veena Das' worksJoão Eduardo Coin de CarvalhoO sofrimento social vem sendo discutido por pesquisadores brasileiros em diferentes contextos, normalmente associado às populações socialmente excluídas, vítimas de violência e da miséria crônica, com atenção especial para sua repercussão nos corpos de mulheres e crianças. Neste trabalho discute-se o conceito de sofrimento social, que tem como referência a Antropologia Médica a partir dos trabalhos da antropóloga indiana Veena Das, buscando diálogo com questões de gênero e saúde em nosso meio. A importância dessas concepções é investigada nos trabalhos de Das sobre a resistência do feminino no imaginário e no cotidiano, nos quais esta resistência aos discursos hegemônicos em meio à violência e ao sofrimento social se apresenta de maneira sutil nos usos cotidianos dos corpos. Concluindo, a posição sobre a resistência feminina na perspectiva de Veena Das pode ser útil para estudos e intervenções no campo da saúde, realizados com mulheres brasileiras de populações em situação de miséria crônica em contextos de sofrimento e exclusão social. A escuta de mulheres jovens e pobres a respeito da maneira como (não) dirigem seus destinos e elaboram projetos de vida, aponta para a possibilidade de investigar fenômenos que remetem aos mesmos cenários descritos por Das. A busca de sua inserção em movimentos imaginários que se materializam em suas falas e nos usos e cuidados com seus corpos pode ser decisiva para, em contextos de promoção de saúde, dar entendimento e intervir sobre processos que parecem sem sentido, mas que guardam na sua incompletude e incerteza a marca indelével do humano.<br>Social suffering has been studied in several circumstances by Brazilian researchers, usually associated with socially excluded people who are victims of violence and chronic poverty. Special attention has been given to its effects on women's and children's bodies. In this work, we deal with the Medical Anthropology concept of social suffering, especially from the works of the Indian anthropologist Veena Das, searching for a dialogue between social suffering, health, and gender questions. Her conceptions about mental imagery and women's daily resistance to hegemonic discourses under violence and social suffering support a new perspective on women's body use and care. We conclude that such modality of women's resistance in Veena Das' view can be useful to conduct studies and social interventions concerning Brazilian women submitted to suffering and inequality. Listening to young and poor Brazilian women speak about the way they can (not) control their destiny and define life projects could offer clues to intervene in health promotion contexts. Under imaginary movements that lead to language use and body care, these practices could bring meaning to social processes that have uncertainty and incompleteness as human marks.http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902008000300003Sofrimento socialViolênciaVeena DasImaginárioGêneroSocial SufferingViolenceVeena DasMental ImageryGender |
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O sofrimento social vem sendo discutido por pesquisadores brasileiros em diferentes contextos, normalmente associado às populações socialmente excluídas, vítimas de violência e da miséria crônica, com atenção especial para sua repercussão nos corpos de mulheres e crianças. Neste trabalho discute-se o conceito de sofrimento social, que tem como referência a Antropologia Médica a partir dos trabalhos da antropóloga indiana Veena Das, buscando diálogo com questões de gênero e saúde em nosso meio. A importância dessas concepções é investigada nos trabalhos de Das sobre a resistência do feminino no imaginário e no cotidiano, nos quais esta resistência aos discursos hegemônicos em meio à violência e ao sofrimento social se apresenta de maneira sutil nos usos cotidianos dos corpos. Concluindo, a posição sobre a resistência feminina na perspectiva de Veena Das pode ser útil para estudos e intervenções no campo da saúde, realizados com mulheres brasileiras de populações em situação de miséria crônica em contextos de sofrimento e exclusão social. A escuta de mulheres jovens e pobres a respeito da maneira como (não) dirigem seus destinos e elaboram projetos de vida, aponta para a possibilidade de investigar fenômenos que remetem aos mesmos cenários descritos por Das. A busca de sua inserção em movimentos imaginários que se materializam em suas falas e nos usos e cuidados com seus corpos pode ser decisiva para, em contextos de promoção de saúde, dar entendimento e intervir sobre processos que parecem sem sentido, mas que guardam na sua incompletude e incerteza a marca indelével do humano.<br>Social suffering has been studied in several circumstances by Brazilian researchers, usually associated with socially excluded people who are victims of violence and chronic poverty. Special attention has been given to its effects on women's and children's bodies. In this work, we deal with the Medical Anthropology concept of social suffering, especially from the works of the Indian anthropologist Veena Das, searching for a dialogue between social suffering, health, and gender questions. Her conceptions about mental imagery and women's daily resistance to hegemonic discourses under violence and social suffering support a new perspective on women's body use and care. We conclude that such modality of women's resistance in Veena Das' view can be useful to conduct studies and social interventions concerning Brazilian women submitted to suffering and inequality. Listening to young and poor Brazilian women speak about the way they can (not) control their destiny and define life projects could offer clues to intervene in health promotion contexts. Under imaginary movements that lead to language use and body care, these practices could bring meaning to social processes that have uncertainty and incompleteness as human marks. |
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