Summary: | Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa de mestrado sobre a experiência de uma estudante surda matriculada em uma universidade pública brasileira. A interface deficiência e gênero, na educação superior, é inexplorada na literatura acadêmica, por isso as barreiras contra as mulheres com deficiência na universidade ainda estão encobertas. Deste modo, é necessário dar visibilidade ao tema para pôr em prática, de modo interseccional, o sentido da igualdade de oportunidade. Os dados coletados, neste estudo, são resultados do uso de entrevista semiestruturada e da técnica de sombreamento que, aos quais permitiram a imersão da investigadora no cotidiano universitário da jovem participante. Os principais achados demonstram que as mulheres com deficiência encontram diferentes obstáculos para ingressar e permanecer no curso superior. Esses obstáculos não se restringem ao espaço acadêmico, pois iniciam na própria história de vida dessas mulheres. Chama atenção o fato de que a ideia coletiva de superação da deficiência acaba tornando-se uma armadilha que coloca o êxito ou o fracasso acadêmico no plano individual e, por isso, camufla a responsabilidade que a instituição deve assumir com relação às mudanças para a acessibilidade e equidade de gênero.
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