Summary: | Resumo Este artigo aborda a espacialização das devoções negras e escravas, no enquadramento territorial das paróquias fronteiriças do termo de Vila Rica. Da dimensão pessoal da devoção, nas situações aflitivas do cotidiano, à corporação coletiva de classificação dos pretos da irmandade de Nossa Senhora do Rosário, examina-se o significado do espaço público para a representação social negra, ancorada na devoção do compromisso, mas realmente constituída na fluidez e no dinamismo político-religioso. A invocação basilar do culto público dos pretos, africanos escravos (e ainda libertos), contribuindo para dispor as divisões socioculturais, desdobrou-se num devocionário especificamente negro que incluiu outras santidades como, principalmente, Mercês e Santa Efigênia. Articula-se essa mobilidade da fé nos mediadores santos à configuração paroquial (efeito do embate de direitos eclesiásticos e seculares entre a matriz e as capelas), à urbanização difusa do território minerário e ao confronto das representações negras e mestiças sob a égide de patronos católicos.
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