A noção de ciclo em geomorfologia
É pelo viés da noção de ciclo que W.M. Davis introduziu o fator tempo em geomorfologia. Em regime estável e rocha homogênea, o comportamento das formas do relevo se modifica, de maneira sistemática, do estágio de juventude, que inaugura o ciclo, ao estágio de velhice que o encerra, passando pelo es...
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Universidade Estadual de Campinas
2015-06-01
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doaj-8af43e196b44467bbe35f1a200f772492020-11-24T22:11:51ZporUniversidade Estadual de CampinasTerrae Didatica1679-23001980-44072015-06-0181587110.20396/td.v8i1.86374275114A noção de ciclo em geomorfologiaClaude Klein0Universidade de Paris-SorbonneÉ pelo viés da noção de ciclo que W.M. Davis introduziu o fator tempo em geomorfologia. Em regime estável e rocha homogênea, o comportamento das formas do relevo se modifica, de maneira sistemática, do estágio de juventude, que inaugura o ciclo, ao estágio de velhice que o encerra, passando pelo estágio de maturidade. A análise desses estágios repousa sobre o conceito de equilíbrio, o qual constitui o verdadeiro pivô da teoria davisiana. Quando nenhum “acidente” de ordem eustática, tectônica ou climática perturba o curso linear de um ciclo de erosão, as forças e resistências na morfogênese se condicionam e se limitam mutualmente: o sistema evolui como um sistema fechado de variáveis interdependentes. O modelo cíclico tem o melhor de sua coerência nessa abordagem sempre qualitativa e mecanicista. A principal fraqueza do ponto de vista antagônico de Walther Penck reside precisamente no fato de que o autor baseou sua teoria de evolução ascendente e evolução descendente sobre a análise de situações de desequilíbrio, nas quais os fatores endógenos da morfogênese impõem sua força aos fatores exógenos sem depender deles. Não há, entretanto, nenhuma razão para se fechar no falso dilema de ter que se escolher entre Davis e Penck. Exemplos emprestados da Europa herciniana mostram que as superfícies de erosão associadas às bacias sedimentares e às partes altas dos maciços antigos periféricos são aplainamentos acíclicos, e que esses aplainamentos são, geneticamente falando, muito mais aparentados aos Primärrumpfe de Penck do que aos peneplanos davisianos. Inversamente, do maciço armoricano ao maciço da Boêmia, os níveis de erosão escalonados que se observam nos flancos ou no sopé de numerosos maciços antigos testemunham um ritmo tectônico descontínuo, de estilo davisiano muito mais provável que movimentos da superfície contínuos, gradualmente acelerados, como pensava Penck. Longe de se anularem, o policiclismo e o aciclismo são, portanto, dois modos de evolução geomorfológica, não somente perfeitamente compatíveis, mas, admiravelmente, complementares.https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/td/article/view/8637427Ciclo geomorfológico. Policiclismo. Poligenia. Aciclismo. Patamares de piedmont. Superfície com inselbergs. |
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É pelo viés da noção de ciclo que W.M. Davis introduziu o fator tempo em geomorfologia. Em regime estável e rocha homogênea, o comportamento das formas do relevo se modifica, de maneira sistemática, do estágio de juventude, que inaugura o ciclo, ao estágio de velhice que o encerra, passando pelo estágio de maturidade. A análise desses estágios repousa sobre o conceito de equilíbrio, o qual constitui o verdadeiro pivô da teoria davisiana. Quando nenhum “acidente” de ordem eustática, tectônica ou climática perturba o curso linear de um ciclo de erosão, as forças e resistências na morfogênese se condicionam e se limitam mutualmente: o sistema evolui como um sistema fechado de variáveis interdependentes. O modelo cíclico tem o melhor de sua coerência nessa abordagem sempre qualitativa e mecanicista. A principal fraqueza do ponto de vista antagônico de Walther Penck reside precisamente no fato de que o autor baseou sua teoria de evolução ascendente e evolução descendente sobre a análise de situações de desequilíbrio, nas quais os fatores endógenos da morfogênese impõem sua força aos fatores exógenos sem depender deles. Não há, entretanto, nenhuma razão para se fechar no falso dilema de ter que se escolher entre Davis e Penck. Exemplos emprestados da Europa herciniana mostram que as superfícies de erosão associadas às bacias sedimentares e às partes altas dos maciços antigos periféricos são aplainamentos acíclicos, e que esses aplainamentos são, geneticamente falando, muito mais aparentados aos Primärrumpfe de Penck do que aos peneplanos davisianos. Inversamente, do maciço armoricano ao maciço da Boêmia, os níveis de erosão escalonados que se observam nos flancos ou no sopé de numerosos maciços antigos testemunham um ritmo tectônico descontínuo, de estilo davisiano muito mais provável que movimentos da superfície contínuos, gradualmente acelerados, como pensava Penck. Longe de se anularem, o policiclismo e o aciclismo são, portanto, dois modos de evolução geomorfológica, não somente perfeitamente compatíveis, mas, admiravelmente, complementares. |
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