Summary: | Este artigo parte do princípio de que a maquiagem e a pintura corporal são consideradas linguagens artísticas, constituídas de um plano de expressão e de um plano de conteúdo, e concretizadas em enunciados pintados sobre o rosto e/ou o corpo de um sujeito actante encarnado. Uma linguagem com fins estéticos mais convencionais, como algumas maquiagens sociais, ou ainda, com a capacidade de ultrapassar o sentido cotidiano, como as pinturas corporais. Verificam-se as relações entre o enunciado pintado e o corpo suporte em quatro trabalhos do artista plástico americano Craig Tracy: Three Weeks, Maya-Cross, Coil e Butterfly. Para isso, é utilizada a base teórica da semiótica discursiva e também é proposta uma metodologia de análise que considera a função semiótica do corpo e a práxis enunciativa dessas pinturas corporais. Os aspectos discursivos e tensivos são analisados a partir, fundamentalmente, dos conceitos propostos pelo semioticista Jacques Fontanille (2004). São observadas as transposições do envelope corporal em superfície de inscrições semióticas e as estratégias enunciativas que promovem ações operadas pela debreagem. Essas ações podem transformar o envelope corporal alterando ou conservando algumas das propriedades figurativas. Estas podem ser deformadas, invertidas ou espessadas por meio de excrescências ou também podem ser conservadas, deixando o corpo suporte recuado ou mesmo valorizado durante o ato enunciativo.
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